A brutalidade da guerra revelada em documentário aclamado pelo Oscar que vai mexer com você

Ana Beatriz Furtado
Ana Beatriz Furtado
Tempo de leitura: 3 min.

O longa-metragem 20 Dias em Mariupol, vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2024, entrega uma mostra do horror da guerra na Ucrânia capturado pela lente de uma câmera e está disponível na Netflix.

Dirigido por Mstyslav Chernov, um cineasta e jornalista ucraniano, o filme não se limita a contar uma história, ele nos coloca no centro do caos, da destruição e da dor de uma cidade sitiada pela guerra.

Cena do documentário 20 dias em Mariupol

O documentário segue Chernov e sua equipe de jornalistas, que ficam encurralados em Mariupol durante a invasão russa. Desprovidos de ajuda externa e com recursos cada vez mais escassos, eles continuam a gravar, dia após dia, a realidade brutal que se desenrola ao seu redor.

À medida que a cidade é destruída, o grupo torna-se uma das únicas fontes internacionais de informação sobre a guerra em Mariupol. Eles filmam hospitais sendo bombardeados, civis presos no fogo cruzado, e o horror de uma população que luta pela sobrevivência.

Com classificação indicativa não recomendada para menores de 14 anos, 20 Dias em Mariupol não poupa o espectador de cenas cruéis e imagens desoladoras.

Cena do documentário 20 dias em Mariupol

O que distingue este documentário de tantos outros sobre conflitos é sua proximidade visceral com o campo de batalha. Chernov não está apenas observando a guerra – ele está vivendo a guerra. A tensão no filme é palpável, em parte porque, como espectadores, sabemos que o diretor e sua equipe não têm como escapar.

Mas o filme não é apenas sobre o que está acontecendo em Mariupol; é também sobre a coragem do jornalismo em tempos de crise. Chernov, que já cobriu conflitos no Iraque e Afeganistão, sabe o que é testemunhar a destruição, mas há algo de diferente em registrar a guerra em seu próprio país. Isso dá ao filme uma urgência e uma humanidade única, pois ele está documentando não apenas uma história global, mas também uma tragédia pessoal.

As imagens capturadas em 20 Dias em Mariupol são cruas e implacáveis. Os sons das explosões, os gritos de dor e o silêncio inquietante que se segue aos bombardeios são cortantes.

Cena do documentário 20 dias em Mariupol

Em uma cena particularmente marcante, vemos os corredores de um hospital infantil que se transformou em um campo de batalha. Em meio aos escombros, os médicos ainda tentam salvar vidas, enquanto as bombas continuam a cair. É um retrato de resistência e desespero que ficará gravado na mente de qualquer pessoa que o assista.

Mas o documentário também faz uma reflexão sobre o papel da mídia em tempos de guerra. À medida que as comunicações são cortadas e os jornalistas se tornam alvos, a luta para informar o mundo torna-se ainda mais perigosa. Chernov e sua equipe são constantemente confrontados com dilemas éticos: até onde devem ir para contar essa história?

Ao longo dos seus 94 minutos, 20 Dias em Mariupol confronta o espectador com uma pergunta difícil: como a humanidade pode permitir que tais horrores aconteçam? Não há respostas fáceis aqui. O filme não tenta moralizar ou apontar culpados; ele simplesmente mostra a realidade – uma realidade que muitos prefeririam ignorar, mas que Chernov insiste em trazer à luz.

Com uma narrativa jornalística firme e uma visão clara do impacto devastador da guerra, 20 Dias em Mariupol é um testemunho angustiante da necessidade de continuar contando essas histórias, mesmo quando parece insuportável.

Ana Beatriz Furtado
Ana Beatriz Furtado
Jornalista, especializada em produção de conteúdo de entretenimento para o mercado digital. Foi repórter do Jornal do Brasil onde assinava uma coluna de moda e beleza e trabalhou por 5 anos no entretenimento da TV Globo.