Arte Grega da Antiguidade: características e principais obras
Apontada como o berço da civilização ocidental, a Grécia Antiga marcou profundamente o modo como encaramos e reproduzimos a arte, a cultura e as próprias relações humanas, sociais e políticas.
O seu legado é extremamente vasto e continua presente no nosso cotidiano, tratando-se de uma influência riquíssima e intemporal que merece ser explorada com atenção.
A arte da Grécia Antiga: resumo
Entendemos a Arte Grega Antiga como o conjunto de produções artísticas que foram criadas pelo povo grego durante os períodos geométrico, arcaico, clássico e helenístico.
Importa reforçar que estes diferentes intervalos temporais se traduziram em vários contextos e preceitos que se refletiram nas próprias obras.
No centro da cultura grega estava o ser humano, as suas experiências e também a sua busca pela verdade e pelo conhecimento. De fato, até os próprios deuses exibiam condutas semelhantes às dos humanos, com suas qualidades e defeitos.
A arte desta época é marcada pelo antropocentrismo e pelo racionalismo, com o foco no presente e também naquilo que é natural, belo e harmonioso. Estas manifestações foram múltiplas e se tornaram referências incontornáveis na nossa cultura.
A pintura da Grécia Antiga
A pintura estava presente em murais e paredes dos grandes edifícios gregos, para além de ser usada na decoração de estátuas e peças de cerâmica.
Embora esta forma de arte tenha assumido uma grande importância na época, foram poucos os artefatos que chegaram até nós, devido à passagem do tempo e à fragilidade dos materiais.
A maioria das pinturas que sobreviveram podem ser encontradas em peças de cerâmica, principalmente em vasos que poderiam ser usados em momentos cerimoniais ou para fins domésticos, por exemplo, para guardar alimentos, água e vinho.
Este tipo de arte surgiu durante o período geométrico, com a representação de cenas da vida comum e também de episódios da mitologia. Os desenhos, que eram ricos em detalhes, privilegiavam as figuras humanas.
Inicialmente, as pinturas tinham um fundo alaranjado e as ilustrações surgiam numa cor escura (conhecidas como figuras negras).
Mais tarde, no começo do período clássico, esta lógica foi alterada e o fundo passou a ser de cor negra e as figuras a surgir na cor laranja. Já numa fase posterior, os vasos começaram a ter um fundo branco e desenhos coloridos.
Além de Exéquias e Aison, cujas obras podem ser encontradas nas imagens acima, a pintura da Antiguidade Grega contou com grandes artistas como Apeles, Clítias, Polignoto, Sófilos e Zeuxis.
A escultura da Grécia Antiga
Assim como aconteceu com a pintura, as estátuas originais da Antiguidade Grega não foram conservadas até aos dias de hoje, com a excepção de Vênus de Milo.
Pelo valor dos materiais com que eram feitas, e também pela sua fragilidade, elas acabaram se perdendo e apenas restaram cópias posteriores. O surgimento destas obras estava relacionado com a mitologia e a necessidade de prestar culto às várias divindades do Olimpo.
Estas figuras divinas eram representadas à imagem dos homens e das mulheres, ou seja, as esculturas gregas também tiveram a forma humana como tema principal.
Durante o período arcaico, apareceram as estátuas em mármore que assumiam a forma de figuras humanas posicionadas de frente e com os braços paralelos ao corpo. Se as imagens fossem de homens jovens eram denominadas de Kouros, e se fossem de mulheres, eram chamadas de Koré.
É interessante reparar que, nesta fase, os homens eram representados sem roupas, enquanto as mulheres sempre surgiam vestidas. A situação mudou no período clássico, com o aparecimento da nudez feminina. Nesta época, as obras também começaram a ser produzidas em bronze, um material que era mais fácil para trabalhar.
Se até então a estatuária grega já se focava em aspectos como a beleza e a perfeição dos detalhes, esta fase trouxe também a procura do movimento e a tentativa de recriá-lo.
Entre os escultures deste período se destaca Míron que ficou famoso pelas suas obras focadas nos corpos masculinos atléticos, como é o caso de O Discóbolo.
Outro exemplo bastante famoso é a Vitória de Samotrácia, uma escultura que foi descoberta entre ruínas, no ano de 1863, e atualmente se encontra no Museu do Louvre.
Já no período helenístico, começou a ser cada vez mais frequente a representação de grupos, em vez de figuras isoladas, nas estátuas gregas. Isso contribuía para uma forte carga dramática nas obras, que contavam histórias.
Até a esta fase, os semblantes humanos (que tinham uma expressão serena e vaga), passaram a transparecer diversas emoções e a transmitir mensagens de dor e sofrimento também.
Além de Míron, a estatuária da Grécia Antiga contou com nomes como Lísipo, conhecido pela singularidade das proporções, e Fídias, o célebre autor da imagem de Atena e dos relevos presentes no Paternon.
A arquitetura da Grécia Antiga
Focada sobretudo na religião e na vida pública, a arquitetura da Antiguidade Grega se concentrou principalmente nos templos que eram erguidos para cultuar os deuses e conquistar os seus favores.
Um exemplo da importância da arte arquitetônica para aquela cultura e sociedade é a Acrópole de Atenas, a "cidade alta" que foi construída em 450 a.C (aproximadamente).
Foi lá que surgiram alguns dos maiores empreendimentos gregos, como o Partenon, o notório templo erguido em honra de Atena, a deusa da sabedoria, da civilização e das artes.
Nesta obra, como em várias outras da Grécia Antiga, é evidente o uso da simetria e a presença de múltiplas colunas nos edifícios.
Além destas "casas dos deuses", as construções gregas também eram pensadas para acomodar vários eventos e atividades públicas. É o caso, por exemplo, das praças, dos estádios onde ocorriam as competições esportivas e dos teatros.
Construídos ao ar livre, os chamados teatros de arena ficavam situados em colinas e sabiam aproveitar a localização para projetar o som, sendo lembrados sobretudo pela inteligência da sua acústica. Entre eles se destacam o Teatro de Epidauro, de Delfos e de Mileto,
A arquitetura dos gregos antigos se dividiu em três ordens (ou estilos) diferentes: Dórica, Jônica e Coríntia.
A primeira é lembrada pelo seu caráter simples e sólido; já a segunda é mais trabalhada e apresenta cariátides, estátuas de figuras femininas que ocupavam o lugar das colunas.
Finalmente, a terceira apresentava ainda mais ornamentações e proporções diferentes, tratando-se uma evolução da ordem jônica.
O teatro da Grécia Antiga
Uma das mais importantes manifestações da cultura da Antiguidade Grega foi o aparecimento do teatro, que começou a ganhar força a partir de 550 a.C., na cidade de Atenas.
Como aconteceu com as outras artes, a origem do teatro grego também está relacionada com o culto dos seus deuses. Neste caso, o "pai do teatro" foi Dionísio, o deus do vinho e da fertilidade.
Foi durante as suas celebrações, que misturavam a música e a dança, que aconteceram as primeiras apresentações.
Com o tempo, o teatro foi começando a ocupar um espaço cada vez maior na vida e na cultura dos gregos antigos. As peças (que se dividiam entre as tragédias e as comédias) pretendiam exaltar os heróis, mas também tecer fortes críticas sociais, provocando reflexões e transformações no espectador.
Embora muitas peças tenham se perdido, alguns autores chegaram até aos nossos tempos e continuam sendo influências marcantes: é o caso de Ésquilo, Sófocles, Eurípides e Aristófanes.
Características e períodos históricos
Em suma, as produções artísticas da Grécia Antiga se caracterizavam por valores como o equilíbrio, a simetria e a harmonia, buscando sempre aquilo que era belo e perfeito.
Embora tivesse fortes ligações com a religião, as cerimônias e os rituais, esta arte (como, de resto, a própria cultura grega) estava sempre ancorada no ser humano, na sua figura e nas suas experiências.
Período geométrico
O primeiro destes períodos ocorreu, aproximadamente, entre os anos de 900 a.C. e 750 a.C., se destacando sobretudo pela presença de desenhos e símbolos geométricos. Embora ainda fossem abstratas, nesta época já existiam representações de figuras humanas.
Este tipo de arte foi produzido principalmente em Atenas e deu primazia à cerâmica (por exemplo, vasos que eram usados em cerimônias fúnebres).
Período arcaico
O segundo período ocorreu por volta de 800 a.C. a 500 a.C. e ficou marcado pelas inúmeras transformações sociais e políticas que também se refletiram na cultura.
Na época, definida pela colonização dos territórios vizinhos, a escrita assumiu um papel de maior importância e estava começando a se formar o quadro mental que levou ao conceito de democracia.
O período arcaico produziu principalmente templos, esculturas (kouros e koré) e pinturas em vasos de cerâmica (as figuras negras).
Período clássico
Decorrendo entre os anos de 500 a.C. e 338 a.C., o terceiro período histórico foi contemporâneo de muitas guerras e conflitos, mas também produziu grandes obras culturais e artísticas.
Enquanto as ideias do mundo grego estavam se expandindo para novos territórios, a arte da época era atravessada por noções como o idealismo, a perfeição e a procura do movimento.
Período helenístico
Finalmente, o último período teve lugar entre 323 a.C. e 146 a.C., tendo terminado com a anexação da Grécia pelo Império Romano.
Esta fase final trouxe várias inovações artísticas, por exemplo, a representação de várias idades (como a infância e a velhice) e o dramatismo das estátuas que passaram a expressar diversas emoções humanas, com destaque para o sofrimento (o pathos).
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