19 livros clássicos imperdíveis da literatura mundial (com resumo)

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura
Tempo de leitura: 9 min.

Aceitamos o desafio de criar uma lista de livros essenciais na literatura universal. Escolhemos os melhores livros de todos os tempos, independente de gênero, incluindo romance, poesia e aventura.

1. Odisseia, Homero (século VIII a.C)

Odisseia talvez seja o maior clássico da literatura ocidental. Trata-se de um poema épico escrito na Grécia Antiga supostamente por Homero, que transcreveu os versos da tradição oral. Ainda perdura a dúvida se Homero de fato existiu. A data da escrita não é certa, acredita-se que o manuscrito tenha sido produzido entre IXI a.C e VIII a.C.

A tragédia conta a história do protagonista Ulisses, rei de Ítaca, e das suas aventuras bélicas. O livro também descreve o retorno do herói para casa, onde Penélope (sua esposa) e o Telêmaco (o filho), o esperam.

Homero
Busto de Homero.

2. A divina comédia, Dante Alighieri (1321)

A divina comédia é dos livros mais representativos do Renascimento e deixou de ser um clássico italiano para alcançar o título de clássico da literatura universal. Originalmente escrita em florentino, a obra foi gradativamente sendo traduzida para as mais diversas línguas.

Assim como a Odisseia, o clássico de Dante é um poema. São cerca de 100 cantos totalizando 140 versos. Ao longo da narração conhecemos Dante, o narrador e protagonista da história, que conta a sua passagem pelo paraíso, pelo purgatório e pelo inferno.

dante-alighieri
Pintura de Dante Alighieri.

3. Decamerão, Giovanni Boccaccio (1353)

Os contos do escritor italiano Giovanni Boccaccio exaltam o amor carnal. Assim como Dante, Boccaccio é um clássico do Renascimento italiano.

A história se passa na Toscana, em meados do século XIV, quando a população sofria com a disseminação da peste negra. Com medo de serem contaminados, dez jovens se mudam para a montanha e, para passarem o tempo, resolvem contar histórias.

Decameron, 1492
Exemplar do Decamerão produzido em 1492.

4. Romeu e Julieta, Shakespeare (1595)

Os amantes mais famosos da história da literatura foram criados pelo inglês William Shakespeare. O cenário da tragédia Romeu e Julieta, dividida em cinco atos, é Verona, na Itália.

O conflito entre a família Capuleto e a família Montecchio faz com que os apaixonados Julieta e Romeu sofram com a impossibilidade da concretização do amor.

Primeira edição de Romeu e Julieta.
Primeira edição de Romeu e Julieta.

5. Os Lusíadas, Camões (1572)

O poema épico Os Lusíadas, escrito pelo português Luís Vaz de Camões, exalta a força e a coragem do povo lusitano. São dez cantos que contam a história da viagem do navegador Vasco da Gama rumo as Índias.

Os Lusíadas
Primeira edição de Os Lusíadas.

6. Dom Quixote de la Mancha, Cervantes (1605)

O clássico espanhol escrito por Miguel de Cervantes é considerado uma obra de ficção em prosa e está dividido em dois volumes. Há quem diga que o livro é uma sátira aos romances de cavalaria e há quem diga que é a maior homenagem que poderia ser feita ao gênero.

A verdade incontornável é que as aventuras de Dom Quixote e Sancho Pança fazem parte do imaginário da cultura ocidental.

Miguel de Cervantes
Retrato de Miguel de Cervantes.

7. Orgulho e preconceito, Jane Austen (1813)

O romance Orgulho e preconceito, escrito pela britânica Jane Austen, se passa no princípio do século XIX. O cenário escolhido é Longbourn, interior da Inglaterra, e a história contada é a de Elizabeth Bennet e de sua família.

Através da protagonista ficamos conhecendo diversas questões relacionadas à vida social, cultural, financeira e educacional da sociedade aristocrática inglesa.

Pride and prejudice
Primeira edição de Pride and prejudice.

8. Moby Dick, Herman Melville (1851)

Você pode até não ter lido o clássico de Herman Melville, mas aposto que assim que leu o título Moby Dick se deparou com a imagem de uma imensa baleia.

Quem conta essa história composta pelo estadunidense é Ismael, um jovem marinheiro que deseja caçar baleias e tem uma fixação especial por Moby Dick, a baleia branca que lhe arrancou a perna no passado.

Herman Melville
Retrato a óleo de Herman Melville.

9. Crime e castigo, Dostoiévski (1866)

O romance do russo Fiódor Dostoiévski conta a história de Ródion Ramanovich Raskolnikov, um antigo estudante residente em Pitsburgo.

Pobre e sem perspectivas de futuro, o personagem comete um crime terrível: assassina uma pessoa. Crime e castigo pode ser considerado um ensaio filosófico e ético sobre as consequências das ações humanas.

Dostoeivsky
Retrato de Dostoiévski.

10. Dom Casmurro, Machado de Assis (1899)

Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Essa talvez seja a maior pergunta que paira até hoje na literatura brasileira. O clássico Dom Casmurro, escrito pelo célebre Machado de Assis em 1899, narra a história de um triângulo amoroso composto pelo casal Capitu e Bentinho e pelo melhor amigo do marido, Escobar.

Narrado em primeira pessoa por Bentinho, o romance é uma obra-prima porque é capaz de deixar em aberto todas as dúvidas que permeiam a história.

O livro foi adaptado para o cinema em 1968 e contou com a direção de Paulo Cesar Saraceni.

11. A metamorfose, Kafka (1912)

Ja pensou acordar num dia normal e descobrir que se transformou em um enorme inseto? Esse é o enredo escolhido pelo autor austro-húngaro Franz Kafka para compor o seu clássico.

O romance A metamorfose, escrito em alemão, conta a história do caixeiro viajante Gregor, que um belo dia acorda metamorfoseado em um animal monstruoso.

A metamorfose
Capa de uma das primeiras edições de A metamorfose.

Leia o resumo e análise da obra A metamorfose.

12. Em busca do tempo perdido, Proust (1913)

O escritor francês Marcel Proust escreveu uma única história em sua vida, a enorme À la recherche du temps perdu. O enredo começou a ser criado em 1909 e alcançou sete volumes (três deles foram apenas publicados postumamente).

Marcel, o protagonista, é nomeado apenas duas vezes ao longo das milhares de páginas e é através do seu olhar que ficamos conhecendo o seu percurso para tornar-se escritor.

Ao invocar o passado para tentar capturá-lo, Proust promove uma distinção entre a memória voluntária e involuntária.

Proust
Fotografia de Marcel Proust.

13. O estrangeiro, Camus (1942)

O escritor francês Albert Camus escolhe como protagonista o Sr. Meursault, uma pessoa com um cotidiano normal, funcionário de um escritório, que tem a sua vida revirada por conta de um assassinato que comete por mero impulso.

Logo após receber a notícia da morte da mãe, que reage com indiferença absoluta, interessa-se por Marie, uma colega de trabalho. Um belo dia, enquanto passeia pela praia, tem uma reação completamente inesperada e mata um árabe sem qualquer motivo.

O livro ganhou uma adaptação para o cinema no ano de 1967. O longa-metragem italiano, intitulado Lo Straniero, foi dirigido por Luchino Visconti.

Capa do livro na versão original.
Capa do livro na versão original.

14. O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry (1943)

O livro Le petit prince, originalmente voltado para o público infantil, tem como protagonista aquele que conta a história. Chateado porque ninguém compreende as suas ilustrações, o rapaz estava a bordo de um avião que caiu sobre o deserto do Saara.

Eis que o personagem central finalmente encontra consolo em um pequeno príncipe que conhece acidentalmente. A obra, ilustrada pelo próprio escritor, é das mais vendidas do mundo.

O pequeno principe
Ilustração do pequeno príncipe retirada do livro.

15. Lolita, Nabokov (1955)

A obra-prima do escritor moderno russo Vladimir Nabokov tem como protagonista e narrador Humbert Humbert, um professor de meia-idade.

O professor conhece Dolores, uma menina de 12 anos e um metro e quarenta e sete, porque aluga um quarto na casa de Charlotte Hazze, a mãe da garota. O nome Lolita é o apelido dado a Dolores por Humbert após se sentir seduzido por ela.

Capa da primeira edição do livro.
Capa da primeira edição do livro.

16. Ensaio sobre a cegueira, Saramago (1955)

O romance do prêmio Nobel José Saramago transcendeu os muros da literatura portuguesa para alcançar um status de obra clássica da literatura mundial.

A história gira em torno de um surto de cegueira branca que se espalha entre os moradores de uma cidade. Nessa circunstância extrema, com a sociedade a beira de um colapso, assistimos o melhor e o pior florescer no ser humano.

A adaptação do romance de José Saramago para o cinema foi feita por Fernando Meirelles e acabou sendo lançada em 2008.

17. O jogo da amarelinha, Cortázar (1963)

Julio Cortázar é o único representante da Argentina presente nessa lista de grandes clássicos. O seu lugar ao sol está garantido pela invenção que fez a partir da sua material prima: a linguagem.

O livro O jogo da amarelinha representou uma verdadeira revolução em termos literários porque deu a possibilidade do leitor escolher a sua forma de ler o texto.

O protagonista é o intelectual Horácio Oliveira e a obra, que é considerada surrealista, permite que o leitor realize uma espécie de jogo, encarando múltiplos desdobramentos possíveis.

Cortazar
Fotografia do autor Julio Cortázar.

18. Cem anos de solidão, García Márquez (1967)

Engrossando a lista dos latino-americanos prodigiosos está o colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do prêmio Nobel de Literatura.

A sua obra clássica é um trabalho exemplar da literatura moderna e conta a história de Macondo, uma cidade imaginária criada por José Arcadio Buendia. A narração acompanha as várias gerações da família Buendia que vão se sucedendo.

19. A hora da estrela, Clarice Lispector (1977)

Rodrigo S.M. é o narrador da obra prima escrita pela autora brasileira Clarice Lispector. A hora da estrela conta a história de Macabéa, uma jovem órfã, imigrante nordestina, massacrada pelo cotidiano na cidade grande.

A alagoana de 19 anos, que vive na cidade do Rio de Janeiro, parece não ter nada de especial, mas somos aos poucos absorvidos e seduzidos pela jovem desengonçada.

Clarice Lispector
Retrato da autora Clarice Lispector.

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).