Dadaísmo: contexto histórico do movimento que rompeu com a tradição
O Dadaísmo foi um movimento artístico iniciado em 1916 por jovens inquietos e polêmicos que pretendiam encontrar uma nova maneira de se pensar e fazer arte.
Encabeçados por Tristan Tzara, Marcel Duchamp, Raoul Hausmann e outros grandes nomes, o grupo provocou verdadeiras rupturas no sistema artístico de então e influenciou uma série de gerações que vieram a seguir.
Contexto histórico
O movimento dadaísta surgiu durante a Primeira Guerra Mundial na capital da Suíça. Hugo Ball (1887-1966) e a esposa compraram um bar em 1916. O espaço, transformado em cabaré (o famoso Cabaré Voltaire) acabou por reunir uma série de artistas e contestadores da guerra.
O grupo que se reuniu ali contou com nomes como o de Tristan Tzara (1896-1963), Richard Huelsenbeck (1892- 1974) e Hans Arp (1886-1966).
Foi no bar que se tornou um cabaré que os artistas passaram sistematicamente a se reunirem propondo produções contestadoras e polêmicas. Não a toa o grupo ficou conhecido como o mais radical movimento da história da arte.
Apesar de ter surgido em Zurique, um grupo dadaísta também cresceu em Nova Iorque. De Zurique, os dadaístas ganharam a Europa alcançando primeiro a Alemanha (Berlim e Colônia) e depois a França.
Foi em Paris que o movimento cresceu substancialmente. O Dadaísmo também avançou rumo à Espanha (Barcelona) e ganhou a América do Norte.
Em termos de duração, o Dadaísmo compreendeu os anos entre 1916 e 1922.
A dissolução final do grupo se deu durante 1922, na capital francesa. Uma parcela de artistas, no entanto, decidiu permanecer ativa e resolveu dar origem ao Surrealismo.
O que foi o Dadaísmo?
O Dadaísmo surgiu como resultado de uma espécie de descrença coletiva, isto é, pode-se dizer que ele brotou de uma sensação de impotência social.
O movimento, que em sua gênese era altamente subversivo, desenvolveu um método de trabalho baseado na provocação, no choque, no escândalo, na polêmica.
A ideia dos artistas era a de que era necessário destruir para se construir algo novo. Romper com o passado era um passo essencial, por esse motivo o impulso de destruição era comum aos artistas dessa geração.
O Dadaísmo foi precursor de outros movimentos de vanguarda como o surrealismo e a pop art. Ele se apresentou como um laboratório experimental de técnicas artísticas colocando tudo em dúvida (inclusive o próprio movimento dadaísta). Um dos lemas do grupo era: contra todos e contra si mesmo.
O movimento, marcado pelo seu radicalismo, gerou uma série de exposições, manifestos, produções literárias e a publicações de revistas.
Características do Dadaísmo
Os dadaístas rejeitavam de modo veemente o racionalismo e carregavam um pessimismo exacerbado que resultava na negação de tudo (o niilismo).
Os artistas do grupo eram conhecidos por serem extremamente subversivos: antirregras, antidisciplina, antinormas. Eram, portanto, criaturas agitadoras, inquietas, não conformadas.
Os dadaístas procuravam desmistificar a arte: riam da arte conservadora, riam do outro e riam de si mesmos. Eles prezavam uma espontaneidade absoluta que muitas vezes culminava em sátira e galhofa.
Outro pilar do grupo era o gesto de questionar (e inclusive negar) qualquer autoridade crítica ou acadêmica. Os artistas não se submetem a qualquer convenção e simpatizam com a anarquia, com a subversão e com o cinismo.
Leia também: Obras de arte para entender Marcel Duchamp e o dadaísmo.
Objetivos do Dadaísmo
Apesar de serem um grupo bastante eclético, é possível reunir alguns dos objetivos comuns dos dadaístas. São eles:
- promover uma ruptura completa com a tradição;
- criticar de uma maneira radical o sistema da arte;
- lutar contra a visão utilitarista da arte: a arte não deve agradar ou educar;
- celebrar a efemeridade, buscar uma nova forma de se fazer e pensar arte;
- exaltar o vazio, o nonsense, a inutilidade, a ilusão, o antigamente considerado anti-arte;
- clamar pela liberdade (individual e coletiva) porque conclui que afinal de que não somos livres.
O Manifesto Dadaísta, uma espécie de bíblia do movimento, foi escrito por Tristan Tzara (1896-1963). No texto fundador - chamado Primeira Aventura Celestial do Senhor Antipirina - lê-se:
Dadá é a vida sem pantufas nem paralelos: quem é contra e pela unidade e decididamente contra o futuro; nós sabemos ajuizadamente que os nossos cérebros se tornarão macias almofadas, que nosso anti dogmatismo é tão exclusivista como o funcionário e que não somos livres e gritamos liberdade; necessidade severa sem disciplina nem moral e escarramos na humanidade.
Principais obras do Dadaísmo
O Espírito do nosso tempo (1920), de Raoul Hausmann
Roda de bicicleta (1913), Marcel Duchamp
Shirt Front and Fork (1922), de Jean Arp
O Crítico de Arte (1919-1920), de Raoul Hausmann
Ubu Imperator (1923), de Max Ernst
Principais artistas dadaístas
O movimento dadaísta aconteceu em países distintos e se desenvolveu em plataformas artísticas diferentes (escultura, pintura, gravura, instalação, literatura). Os grandes nomes do dadaísmo foram:
- André Breton (França, 1896-1966)
- Tristan Tzara (Romênia, 1896-1963)
- Marcel Duchamp (França, 1887-1968)
- Man Ray (Estados Unidos, 1890-1976)
- Richard Huelsenbeck (Alemanha, 1892-1974)
- Albert Gleizes (França, 1881-1953)
- Kurt Schwitters (Alemanha, 1887-1948)
- Raoul Hausmann (Austria, 1886-1971)
- John Heartfield (Alemanha, 1891-1968)
- Johannes Baader (Alemanha, 1875-1955)
- Arthur Cravan (Suíça, 1887-1918)
- Max Ernst (Alemanha, 1891-1976)
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