Indicamos os 19 melhores livros para ler em 2024
Reunimos aqui dicas de leitura bastante ecléticas com títulos de praticamente todos os gêneros.
Também não nos restringimos a um tempo histórico ou a um país específico, o nosso critério foi trazer sugestões de melhores livros de 2024, leituras que façam a diferença no seu ano.
1. Uma família feliz, do Raphael Monte
Esse é um livro de suspense que vem fazendo sucesso. Escrito por Raphael Montes e lançado em 2024, a história também foi adaptada para o cinema.
Na trama vemos Eva e seu marido em uma vida aparentemente perfeita. Com duas filhas gêmeas e morando em uma condomínio de classe média alta, tudo parece incrível. Até que Eva engravida novamente e após o nascimento do bebê entra em depressão. Acontecimentos estranhos e misteriosos tiram a paz da família e ela se torna suspeita de coisas horríveis.
2. Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Publicado em 1881 pelo genial Machado de Assim, o clássico Memórias Póstumas de Brás Cubas segue encantando leitores no mundo todo e é um dos mais importantes romances da literatura brasileira.
A narrativa é feita em primeira pessoa pelo personagem principal, Brás Cubas, já depois de morto. É uma autobiografia onde o personagem reflete sobre sua vida com ironia e humor. Com um tom sarcástico, Machado de Assim consegue tecer críticas ácidas sobre a sociedade e os comportamentos da elite brasileira do século XIX.
3. Engenheiro fantasma, de Fabrício Corsaletti
Engenheiro fantasma foi o vencedor do Prêmio Jabuti de 2023 nas categorias livro de poesia e melhor livro do ano.
Escrito por Fabrício Corsaletti, reúne poemas no estilo soneto que trazem um universo inventivo e filosófico. O autor se imagina como Bob Dylan e narra uma suposta temporada do astro da música em Buenos Aires.
4. A cor púrpura, de Alice Walker
Clássico da literatura norte-americana, A cor púrpura é um livro atemporal escrito por Alice Walker em 1982. A narrativa acompanha Celie, uma mulher negra e pobre vivendo no no sul dos EUA no início do século XX.
A obra é uma emocionante denúncia de violências, racismo e opressão, mas também fala sobre o amor, redenção e luta pela sobrevivência.
Vencedora do Prêmio Pulitzer, a obra foi adaptada para o cinema em 1985 e em 2024 ganha também uma versão como um filme musical.
5. Salvar o fogo, de Itamar Vieira Jr
Salvar o fogo é a publicação de 2023 do escritor Itamar Vieira Jr, consagrado pelo seu romance de estreia, Torto Arado.
A narrativa se passa no interior da Bahia e acompanha a realidade de pescadores e agricultores dominados por padres de um mosteiro local.
O romance foi bem aceito pela crítica e pelo público, vendendo um número considerável de cópia em poucos meses.
6. A água é uma máquina do tempo, de Aline Motta
Esse é um livro da artista e escritora Aline Motta, que foi lançado em 2022.
Aqui, Aline explora a memória e a passagem do tempo através de documentos históricos para contar sobre duas de suas antepassadas e criar uma relação com a herança colonial que atravessa todos que vivem no Brasil.
Indicado ao Prêmio Jabuti de 2023, esse é um livro poético e documental essencial.
7. O Despertar de Tudo, de David Graeber e David Wengrow
Lançado no Brasil em agosto de 2022, O Despertar de Tudo é de autoria dos historiadores David Graeber e David Wengrow.
O livro lança um novo olhar sobre a história da humanidade, trazendo aspectos pouco conhecidos para traçar uma linha do tempo histórica desde o surgimento da agricultura até os dias contemporâneos. Assim, trata de assuntos como a desigualdades, democracia, liberdade e escravidão.
Pouco tempo depois de publicada, a obra já se tornou um sucesso de vendas e vem recebendo elogios da crítica especializada.
8. Quando deixamos de entender o mundo, de Benjamín Labatut
Esse é um livro de contos publicado em 2022 pelo chileno Benjamín Labatut que promete muitas reflexões.
Cada uma das histórias é sobre pessoas que revolucionaram a ciência e a humanidade com suas descobertas, como por exemplo Einstein e Schrödinger.
Usando fatos biográficos desses pensadores e aliando à narrativas ficcionais, Benjamín cria universos cheios de tramas e relações entre a vida particular e o trabalho científico.
9. O som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk
Vencedor do Prêmio Jabuti de 2022, esse romance da pernambucana Micheliny Verunschk traz uma mistura de poesia, ficção e textos jornalísticos para traçar um panorama da história de exploração e desamparo dos povos indígenas no Brasil.
A narrativa conta sobre Iñe-e e Juri, duas crianças indígenas que são sequestradas no século XIX e levadas para a Europa. Um livro emocionante que traz uma faceta difícil da história do Brasil e que fala sobre pertencimento e identidade.
10. A filha perdida, de Elena Ferrante
Esse romance da escritora italiana Elena Ferrante foi publicado em 2006 e ganhou uma bela adaptação para o cinema no final de 2021.
A autora, que mantém sua identidade em sigilo, trabalha questões difíceis e polêmicas que permeiam o universo das mulheres.
Em A filha perdida, a protagonista é Leda, uma mulher madura que decide viajar sozinha para o litoral da Grécia. Lá se depara com uma família que acaba tirando sua paz.
Leda conhece Nina e sua filha Elena. A dinâmica entre a jovem mãe e a criança desperta memórias dolorosas em Leda e sentimentos conflituosos acerca de sua própria relação com as filhas.
Um livro corajoso, com uma narrativa potente que apresenta a ideia de maternidade e família de uma maneira realista e crua.
11. Solitária, de Eliana Alves Cruz
Solitária é um romance da escritora carioca Eliana Alves Cruz que foi lançado em 2022 e faz um recorte bem específico para contar os dramas e desafios de uma importante parcela da população que costuma ser ignorada, a das empregadas domésticas.
A trama traz as protagonistas Eunice e Mabel, mãe e filha, que vivem em um insalubre quarto de empregada na casa de seus patrões ricos.
Assim, a autora aborda temas cruciais como justiça, exploração do trabalho, sobretudo da mulher, além de traçar um paralelo entre o presente e o passado escravocrata no Brasil.
O romance ganhou a atenção da também escritora Conceição Evaristo, que disse: "Eliana narra com a maestria da linguagem de alguém que sabe lidar com as palavras."
12. Memória de Ninguém, de Helena Machado
Helena Machado nos presenteia com uma história sobre perdas, memórias e relações familiares nesse romance lançado em 2022. A protagonista é uma mulher que, após perder o pai, volta à casa que viveu na infância e precisa lidar com lembranças e traumas antigos.
Com uma escrita envolvente e fluida, a autora nos convida a entrar na vida dessa personagem - sem nome - e olhar também para a nossa própria história.
13. Tempos ásperos, de Mario Vargas Llosa
O escritor peruano, que é Prêmio Nobel da Literatura, dessa vez resolveu contar para o público uma história que se passou no tempo da Guerra Fria e mistura realidade e ficção.
A obra fala sobre o golpe político que aconteceu na Guatemala, nos anos 50, e sobre as consequências sociais não só para o país como para a América Latina como um todo.
Embora desconhecidos do grande público, e apesar de figurarem de maneira muito pouco ostentosa nos livros de história, provavelmente as duas pessoas que mais influenciaram o destino da Guatemala e, de certa forma, de toda a América Central no século XX foram Edward L. Bernays e Sam Zemurray, dois personagens que não podiam ser mais diferentes entre si por sua origem, seu temperamento e sua vocação.
Lançado no final de 2020, esse romance histórico é uma aposta do escritor peruano para tentar entender melhor o mundo contemporâneo em que vivemos.
Para Vargas Llosa, a queda do presidente da Guatemala (Jacobo Árbenz), eleito democraticamente, foi fundamental para a radicalização política que vigora cada vez com mais força até os dias de hoje.
O antigo presidente Árbenz caiu graças a um golpe militar cautelosamente orquestrado, deixando a Guatemala numa perigosa situação política e social.
14. Tudo sobre o amor, de bell hooks
A intelectual e ativista afro-americana bell hooks é um daqueles nomes que deveriam ser conhecidos por todos. Falecida no final de 2021, ela deixou como legado uma obra potente que busca a transformação do mundo em diversos âmbitos, olhando principalmente para a questão de raça e gênero.
Tudo sobre o amor: novas perspectivas, lançado no início de 2021,traz o pensamento da autora sobre esse sentimento tão conhecido e ao mesmo tempo complexo que envolve as relações entre casais, amigos e familiares.
De maneira afirmativa e embasada, bell hooks relaciona o amor à uma atitude política que deve estar presente em nossas vidas de maneira natural.
Amor-próprio é a base de nossa prática amorosa. Sem ele, nossos outros esforços amorosos falham. Ao dar amor a nós mesmos, concedemos ao nosso ser interior a oportunidade de ter o amor incondicional que talvez tenhamos sempre desejado receber de outra pessoa.
15. A cachorra, de Pilar Quintana
Lançado em 2020 no Brasil, esse é um romance visceral da colombiana Pilar Quintana, voz importante na literatura contemporânea da América Latina.
Exibe a história de Damaris, uma mulher humilde que divide sua vida com Rogelio, mas sente uma profunda solidão e frustração por não ter conseguido gerar filhos.
Assim, ela resolve adotar uma cachorra, o que a colocará diante de situações e emoções intensas e contraditórias, como é comum também na maternidade.
Escrito durante o puerpério da própria autora, ou seja, pouco depois dela dar à luz, A cachorra foi recebido com muito entusiasmo pela crítica e público, ganhando o prêmio Biblioteca de Narrativa Colombiana em 2018.
O casebre em que moravam era de madeira e estava em mau estado. Quando caía uma tempestade, tremia com os trovões e balançava com o vento, a água entrava pelas goteiras do teto e pelas frestas nas tábuas das paredes, tudo ficava frio e úmido, e a cadela punha-se a choramingar.
Fazia muito tempo que Damaris e Rogelio dormiam em quartos separados, e nestas noites ela se levantava depressa, antes que ele pudesse dizer ou fazer algo.
Tirava a cachorra da caixa e ficava com ela na escuridão, acarinhando-a, morta de susto por causa das explosões dos raios e da fúria do vendaval, sentindo-se diminuta, menor e menos importante no mundo do que um grão de areia do mar, até que a cachorra se aquietava.
16. Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector
A reunião de contos intitulada Felicidade clandestina não é nova - na verdade foi lançada em 1971 -, mas merece ser lembrada aqui devido a sua beleza e profundidade.
A obra reúne 25 textos curtos e tem como tema o amor, a família, a solidão, a estranheza, as angústias existenciais e o descompasso com mundo.
A escrita - muitas vezes composta em estilo fluxo de consciência e com um traço autobiográfico - deixa ver a marca da autora Clarice Lispector.
Com a sua sensibilidade ímpar lemos, por exemplo, o conto Amor, narrado em terceira pessoa, que traz como protagonista Ana, uma mulher comum: mãe, esposa, dona de casa, com um cotidiano simples.
Um belo dia, andando de bonde, Ana vê um cego mascando chiclete. Dessa imagem surge um profundo questionamento existencial que a inquieta e a faz considerar todos os aspectos da sua vida pessoal. Amor é uma pequena obra-prima de Clarice Lispector.
Indicamos a leitura de Felicidade clandestina a espera que você se delicie com pérolas como os contos O ovo e a galinha, Menino a bico de pena e Restos do carnaval.
Conheça mais sobre o livro Felicidade Clandestina.
17. Terra Sonâmbula, de Mia Couto
Considerado dos doze melhores livros africanos do século XX, Terra Sonâmbula talvez seja o livro mais consagrado do escritor moçambicano Mia Couto.
Vale lembrar que o autor recebeu em 2013 o Prêmio Camões, o mais importante galardão da literatura de língua portuguesa.
Publicado em 1992, Terra Sonâmbula está dividido em onze capítulos e lembra muito a escrita de Guimarães Rosa - além de ser extremamente poética, é intimamente relacionada à sua terra.
O título faz uma referência à situação política e social de Moçambique, que passou por uma dura guerra civil durante anos a fio (1977-1992). Sonâmbula é uma maneira de sublinhar como aquele território não teve descanso.
Com uma história que mescla sonho e realidade, ficamos conhecendo os protagonistas Muidinga e Tuahir. O primeiro personagem perdeu a memória e o segundo é um velho sábio da região que passa a guiar Muidinga depois da guerra.
Conhecido por compor uma prosa regionalista, que se apropria da linguagem local e das lendas e mitos da região, o romance irá conduzi-lo por horizontes inimagináveis.
18. A chave de casa, de Tatiana Salem Levy
O romance da escritora Tatiana Salem Levy recebeu o Prêmio Portugal Telecom. O livro de 2007 é assumidamente autobiográfico, é uma procura pela sua ancestralidade:
Escrevo sem poder escrever e: por isso escrevo. De resto, não saberia o que fazer com este corpo que, desde a sua chegada ao mundo, não consegue sair do lugar. Porque eu já nasci velha, numa cadeira de rodas, com as pernas enguiçadas, os braços ressequidos. Nasci com cheiro de terra úmida, o bafo de tempos antigos sobre o meu dorso.
Existe uma tradição dos judeus sefarditas guardarem a chave da casa que precisaram abandonar, esse é o pontapé inicial da narrativa de Tatiana. A sua protagonista recebe uma chave de casa do avô, que mudou-se para o Brasil e deixou para trás um lar situado em Esmirna, na Turquia.
A missão transmitida para a neta é que a jovem reencontre não só a casa, como também os parentes que ficaram para trás e tente reconstruir parte da história da família.
O romance A chave de casa é, ao mesmo tempo, uma procura exterior - pela casa, pela família, pelas raízes - e interior - uma tentativa de ordenar o caos interno da protagonista.
19. Caim, de José Saramago
Um dos livros mais bem humorados do premiado José Saramago é o breve romance Caim, de 2009. Laureado com o Nobel, Saramago aqui se debruça sobre um episódio específico da Biblía.
Apesar de ter sido criado em um contexto português católico e conservador, Saramago olha para a religião de maneira questionadora e reconta história de Caim, que ouviu tantas vezes, provocando uma nova leitura.
Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a Adão e Eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta
Se para muitos fiéis o romance de Saramago pode ser considerado uma heresia, para o leitor não religioso as páginas garantem uma leitura bem humorada, irônica e por vezes até debochada.
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