Fábulas de Animais (histórias curtas com moral)
As histórias que trazem animais como personagens são um clássico no universo das fábulas.
Esses pequenos contos geralmente são muito antigos e constituem uma importante ferramenta para a transmissão de ideias e valores morais de um povo.
O escritor Esopo, que viveu na Grécia Antiga, foi uma personalidade essencial na construção de narrativas protagonizadas por animais. Mais tarde, La Fontaine, um francês pertencente ao século XVII, também criou outras histórias fabulosas nas quais diversos bichos interagem.
Contar essas histórias pode ser uma maneira didática e divertida de passar conhecimento às crianças, levando reflexão e questionamento.
Selecionamos 10 fábulas de animais - algumas desconhecidas - que são narrativas curtas e tem uma "moral" como conclusão.
1. A porca e o lobo
Certa manhã, uma porca, que estava esperando uma ninhada de porquinhos, decidiu procurar um lugar para parir com tranquilidade.
Eis que ela encontra um lobo e ele, demonstrando solidariedade, lhe oferece ajuda no parto.
Mas a porca, que não era boba nem nada, desconfiou das boas intenções do lobo e lhe disse que ela não precisava de ajuda, que preferia parir sozinha, pois era muito envergonhada.
Assim, o lobo ficou sem ação e foi embora. A porca pensou bem e resolveu procurar outro lugar onde pudesse dar à luz aos seus filhotinhos sem correr o risco de ter um predador por perto.
Moral da história: É melhor suspeitar da boa vontade dos interesseiros, pois nunca se sabe ao certo que tipo de armadilha eles estão confabulando.
2. O asno e a carga de sal
Um asno ia caminhando com uma pesada carga de sal no lombo. Ao deparar-se com um rio, o animal precisa atravessá-lo.
Ele então adentra com cuidado no rio, mas sem querer desequilibra e cai dentro d'água. Dessa forma, o sal que ele levava derrete-se, aliviando muito o peso e deixando-o satisfeito. O animal segue contente.
Outro dia, ao levar uma carga de espumas, o asno se lembra do ocorrido anteriormente e resolve cair na água de propósito. Acontece que, nesse caso, as espumas encharcaram-se de água, tornando a carga muito pesada. O asno então ficou preso no rio sem conseguir atravessar e morreu afogado.
Moral da história: É preciso tomar cuidado para que não sejamos vítimas de nossas próprias artimanhas. Muitas vezes a "esperteza" pode ser nossa ruína.
3. O cão e o osso
Um cachorro havia ganhado um grande osso e caminhava contente. Ao chegar perto de um lago, viu refletida na água a sua imagem.
Achando que a imagem era outro cão, o animal cobiçou o osso que viu e, num ímpeto de abocanhar-lhe, abriu a boca e deixou seu próprio osso cair no lago. Por isso, ficou sem osso nenhum
Moral da história: Quem tudo quer, acaba ficando sem nada.
4. A raposa e a cegonha
Era fim de tarde e a raposa decidiu convidar a cegonha para um jantar em sua casa.
A cegonha ficou animada e chegou no horário combinado. A raposa, querendo fazer uma brincadeira, serviu a sopa em um prato raso. A cegonha então não conseguiu tomar a sopa, conseguindo apenas molhando o bico.
A "amiga" lhe pergunta se não havia gostado do jantar e a cegonha desconversou, indo embora faminta.
No dia seguinte, é a vez da cegonha convidar a raposa para uma refeição. Lá chegando, a raposa se depara com uma sopa servida em uma jarra muito alta.
A cegonha, é claro, pode tomar a sopa colocando seu bico da jarra, mas a raposa não alcançava o líquido, conseguindo apenas lamber a parte de cima.
Moral da história: Não faça para os outros o que você não gostaria que fizessem com você.
5. A mosca e o mel
Havia um pote de mel em cima da mesa e, ao lado dele, algumas gotas caíram.
Uma mosca foi atraída pelo cheiro do mel e começou a lamber e lamber. Ela estava muito satisfeita, fartando-se do alimento açucarado.
Passou muito tempo se deliciando, até que sua perna se prendeu. A mosca então não conseguiu voar e acabou morrendo presa no melado.
Moral da história: Tome cuidado para não se destruir nos prazeres.
6. As rãs e o poço
Viviam num pântano duas amigas rãs. Num dia de verão o sol estava muito forte e a água do pântano secou. Assim, elas precisaram sair em busca em um novo lugar para morar.
Andaram por muito tempo até encontrarem um poço com água. Uma das amigas disse:
— Nossa, esse lugar parece ter água fresquinha e agradável, nós podíamos morar aqui.
A outra respondeu:
— Não me parece uma boa ideia. E se o poço secar, como faremos para sair? Melhor procurar outro lago!
Moral da história: É bom pensar duas vezes antes de tomar uma decisão.
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7. O urso e os viajantes
Certa vez, dois amigos, que estavam viajando a pé por muitos dias, viram um urso se aproximar na estrada.
Na mesma hora, um dos homens subiu rapidamente em uma árvore e o outro jogou-se no chão, se fingindo de morto, pois ele acreditava que os predadores não atacam quem está morto.
O urso chegou bem perto do homem que estava deitado, cheirou suas orelhas e foi embora.
O amigo desceu da árvore e perguntou o que o urso havia lhe dito. Ao passou que o homem respondeu:
— O urso me deu um conselho. Ele falou para que eu não ande mais com quem abandona os amigos nos momentos de apuro.
Moral da história: É nas horas de maior dificuldade que os verdadeiros amigos se mostram.
8. O leão e o ratinho
Um ratinho, ao sair de sua toca, deparou-se, certa vez, com um enorme leão. Paralisado de medo, o pequeno animal pensou que seria engolido de uma vez só. Então ele pediu:
— Ó, seu leão, por favor, não me engula!
E o felino respondeu, gentilmente:
— Não se preocupe, amigo, pode ir embora tranquilo.
O rato saiu satisfeito e agradecido. Eis que um dia, o leão encontrou-se em perigo. Ele estava caminhando e foi surpreendido com uma armadilha, ficando preso por cordas.
O ratinho, que também caminhava por ali, ouviu os urros do amigo e foi até lá. Vendo o desespero do animal, ele teve uma ideia:
— Leão, meu amigo, vejo que está em perigo. Vou roer uma das cordas e libertá-lo.
Assim foi feito e o pequeno rato salvou o rei da floresta, que ficou muito feliz.
Moral da história: Gentileza gera gentileza.
Para mais histórias, leia: As fábulas de Esopo
9. A assembleia dos ratos
Havia um grupo de ratos que vivia muito feliz em uma antiga casa. Até que um dia um enorme gato passou a viver por lá também.
O bichano não dava trégua aos ratos. Sempre à espreita, ele perseguia os pequenos roedores, que passaram a ficar com muito medo de sair da toca. Os ratos estavam tão acuados que começaram a passar fome.
Por isso, um dia eles resolveram fazer uma assembleia e decidir o que fazer para resolver o problema. Muito conversaram e um dos animais deu uma ideia que pareceu brilhante. Ele falou:
— Já sei! É muito fácil. Tudo o que temos que fazer é colocar um guizo no pescoço do gato, assim, quando ele se aproximar saberemos a tempo de fugir.
Todos estavam satisfeitos com a aparente solução, até que um rato disse:
— A ideia é até boa, mas quem será o voluntário para colocar o guizo no gato?
Todos os ratinhos se esquivaram da responsabilidade, nenhum deles quis arriscar sua vida e o problema continuou sem solução.
Moral da história: Falar é muito fácil, mas são as atitudes que realmente contam.
10. A galinha dos ovos de ouro
Um fazendeiro tinha um galinheiro com muitas galinhas, que todos os dias botavam seus ovos. Uma manhã, o homem foi ao galinheiro para recolher os ovos e se surpreendeu com algo fantástico.
Umas de suas galinhas havia botado um ovo de ouro!
Muito satisfeito, o fazendeiro foi até a cidade e vendeu o ovo por um valor muito bom.
No dia seguinte, a mesma galinha botou outro ovo de ouro, e assim se seguiu por muitos dias. O homem foi enriquecendo e cada vez mais a ganância tomou conta dele.
Um dia, teve a ideia de investigar a galinha por dentro, pensando ter um tesouro ainda mais valioso no interior do animal. Ele levou a galinha até a cozinha e, com um machado, a cortou. Quando a abriu, viu que ela era como as outras, uma galinha comum.
Então o homem se deu conta de sua estupidez e passou o resto dos dias se lamentando por ter matado o animal que lhe trazia tanta riqueza.
Moral da história: Não se deslumbre. A ganância pode levar à insensatez e à ruína.
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Referências bibliográficas:
BENNETT, William J. O livro das virtudes: uma antologia. 24ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1995