Prepare-se para ser perturbado: filme vencedor do Oscar te espera na Prime Video e você não pode perder

Um dos destaques do Oscar 2024 e de outros festivais importantes é o longa Zona de Interesse, do inglês Jonathan Glazer, que pode ser visto na Amazon Prime Video e na Claro TV+. Trata-se de uma adaptação do livro homônimo de Martin Amis e é baseado em uma história real.

A trama se passa na Alemanha nazista e acompanha parte da vida de Rudolf Höss (vivido por Christian Friedel), responsável por comandar o campo de concentração de Auschwitz, sua esposa, Hedwig (interpretada brilhantemente por Sandra Hüller) e seus filhos.

A relação entre o filme e a história real

Ao contrário das narrativas sobre Segunda Guerra que estamos acostumados a ver no cinema, aqui o horror não é explícito. Entretanto, ele adentra camadas profundas de nossa psiquê justamente por exibir a barbárie, a maldade e o desprezo de forma banal e corriqueira.

Ao longo de 105 minutos somos convidados a participar da rotina "pacata" dessa família que morava em uma linda e confortável casa construída a poucos metros de um dos maiores campos de extermínio do regime nazista. A história é real, pois durante quatro anos no início dos anos 40, o comandante Höss e sua família de fato viveram em uma casa ao lado do campo de concentração, sendo que a chaminé do crematório dos prisioneiros ficava a cerca de 150 metros da residência.

Confira o que o diretor do longa falou sobre o fato:

Visitei a casa e o jardim, que não é exatamente como era na época. Mas ele ainda existe. E, estando lá, naquele espaço, o que me impressionou foi a proximidade com o campo. A casa compartilhava uma parede com Auschwitz. Tudo estava acontecendo bem ali, do outro lado do muro. E o fato de um homem ter vivido ali e ter criado sua família ali… Como você faz isso?.

Elementos que merecem sua atenção

O som que se faz presente

Rudolf e Hedwig criam os cinco filhos em um ambiente superficialmente bucólico e se esforçam para parecer o mais "normal" possível. Mas essa normalidade forjada é constantemente invadida pelos ruídos de gritos, tiros e todo o horror que os prisioneiros do outro lado do muro enfrentam.

Assim, mesmo que o absurdo genocídio em curso não apareça de maneira óbvia, ele está o tempo todo presente no dia a dia dessa família. Da mesma forma que o espectador ouve e sabe o que está acontecendo do outro lado, os integrante daquela casa também sabem, mesmo que finjam ignorar. E mais do que saber, são cúmplices e responsáveis por tal horror.

O trabalho de som no longa foi muito bem pensado e por isso foi premiado na categoria de Melhor Som no Oscar de 2024.

Detalhes do cotidiano que evidenciam a "banalidade do mal"

O filme traz diversos detalhes que ajudam a contar a história e fazer com que o público compreenda o cenário de morte que permeia aquelas pessoas aparentemente comuns. São justamente esses pormenores envolvendo toda a trama que evidenciam o que se chama de "banalidade do mal", termo cunhado pela filósofa judia Hannah Arendt.

Por isso, vale ter atenção às pequenas coisas, como as rosas e outras flores cultivadas no jardim, o vestuário, as histórias contadas para as crianças antes de dormir, as brincadeiras dos garotos e outras particularidades surgidas ao longo da trama.

A iluminação natural e a direção

Em Zona de Interesse, a iluminação que vemos é toda natural. O intuito é de aproximar o espectador de uma "normalidade", como se estivéssemos testemunhando de fato a rotina daquela família. Outro ponto interessante é a movimentação de câmera, quase sempre estática. Glazer optou por tomar distância dos personagens, não fazendo closes ou revelando demais suas expressões, pois o objetivo era que o ambiente ganhasse destaque.

Ficha técnica