Filme Um Sonho de Liberdade: resumo e interpretações
Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, originalmente) é um emocionante drama norte-americano baseado no livro Rita Hayworth and Shawshank Redemption de Stephen King, publicado em 1982.
Lançado em 1994, o filme teve direção do cineasta Frank Darabont e é considerado um clássico.
A trama é contada por Ellis Boyd “Red” Redding (Morgam Freeman) e exibe a vida de Andy Dufresne (Tim Robbins), um jovem bancário que é preso em 1946 acusado de matar a esposa e seu amante.
Levado para a terrível Penitenciária Estadual de Shawshank, Andy é condenado à prisão perpétua e lá conhece o contrabandista Red, de quem se tornará amigo.
(Atenção, o texto a seguir contém spoilers!)
A condenação de Andy Dufranse
Andy Dufranse vê sua vida se transformar quando é condenado pelo assassinato de sua esposa e seu amante.
O julgamento é mostrado intercalando cenas que exibem o jovem transtornado manipulando uma arma de fogo. Ainda assim, Andy declara não ser culpado, mas não consegue provar sua inocência e recebe a pena dupla de prisão perpétua.
O jovem é então encaminhado à Penitenciária de Shawshank. Quem narra a história é Red, um detento que já cumpre pena há uns bons anos e tem bastante influência, pois é respeitado por conseguir coisas através de contrabando.
A chegada de Andy à prisão
Como de costume, Red e os outros presos fazem apostas, tentando adivinhar quem será o primeiro novato a render-se à pressão e a violência do local. Ele aposta em Andy, mas para sua surpresa, o jovem não esboça nenhuma reação, se mantendo firme.
Um outro recém-chegado, porém, tem uma crise de choro durante a noite e recebe como punição uma surra.
Nessa passagem, o filme mostra o desespero psicológico do ser humano ao ter sua liberdade retirada e a “satisfação” dos detentos com o sofrimento de seus iguais. Entretanto, ao saberem no dia seguinte que o sujeito morreu, há certa comoção.
Passado um tempo, Andy se aproxima de Red e lhe encomenda um pequeno martelo. Posteriormente, adquire também um pôster da atriz Rita Hayworth.
Os primeiros anos de Andy em Shawshank
Andy chama atenção de um grupo de detentos que sente prazer em violentar sexualmente outros colegas. Por isso, o moço sofre por dois anos perseguição e violência coletiva.
Mesmo assim se mantém calmo e com um comportamento muito diferente do comum naquele lugar.
A essa altura, Andy e Red já haviam se aproximado e Red, que está narrando a história, diz que o amigo tem um jeito de caminhar como se “estivesse em um passeio”, como se fosse, de fato, inocente.
É interessante essa observação, pois mostra a personalidade tranquila do personagem, sugerindo que ele tem a consciência limpa, enquanto evidencia seu não pertencimento àquele lugar.
Talvez por vergonha, arrependimento ou necessidade de esquecer o passado, a maioria dos presos também se diz inocente em seus crimes. Então era frequente a afirmação de que “na cadeia todos são inocentes”.
O trabalho ao ar livre e as cervejas no fim de tarde
Em certo momento, Andy, Red e outros colegas são convocados a trabalhar na impermeabilização de um telhado. O trabalho surge como uma boa oportunidade de fazer uma atividade ao ar livre.
É nessa hora que o protagonista escuta uma conversa de Byron Hadley, o chefe dos guardas, reclamando em pagar altas taxas de impostos sobre uma herança que recebeu.
Andy então, por ser ex-bancário e ter conhecimento no assunto, se aproxima e sugere ajudar Hadley em troca de uma rodada de cervejas para os prisioneiros ao fim do serviço no telhado.
Assim é feito e os detentos conseguem aproveitar um final de tarde como se fossem homens comuns e livres em um simples “happy hour”.
Entretanto, o próprio Andy não bebe as cervejas, apenas observa com grande satisfação seus companheiros se divertirem e descansarem, conseguindo a confiança e o respeito deles.
Isso mostra um sentimento de comunhão e parceria. Segundo o próprio personagem: “Um homem trabalhando ao ar livre, tomando uma cerveja, se sente mais humano.”
O filme mostra um posicionamento sensível ao humanizar homens que foram condenados e presos. Muitas vezes os detentos são ignorados pela sociedade e julgados como se não merecessem um tratamento digno.
Andy e o trabalho na biblioteca
Após demostrar seus conhecimentos em transações financeiras, Andy é encaminhado a trabalhar na biblioteca com Brooks Hatlen, um antigo prisioneiro.
Esse é um pretexto para que o ex-bancário preste serviços aos funcionários da cadeia. De qualquer maneira, Andy se envolve com os livros e passa a escrever cartas toda semana para a assembleia estadual a fim de conseguir recursos para a reforma da biblioteca.
Com o tempo, ele é convocado a fazer pequenos trabalhos pessoais para o diretor da penitenciária, Samuel Norton.
Sua vida se torna mais fácil e confortável no lugar. Aqui, é possível notar como, até mesmo na prisão, o trabalho intelectual é mais valorizado do que o trabalho braçal.
A libertação de Brooks Hatlen
Brooks Hatlen era um senhor que foi condenado e preso há 50 anos. Assim, passou a maior parte de sua vida na prisão.
Em 1954 sua liberdade é concedida, mas contrariando as expectativas dos colegas, Brooks reage muito mal à notícia. Ele tenta, inclusive, agredir um detento com a intenção de continuar na cadeia.
Pode parecer difícil de compreender o porquê de alguém preferir a prisão. Mas nesse contexto, a explicação é simples: Brooks se acostumou a viver preso e tinha medo da liberdade. Como disse o narrador, ele pertencia à Shawshank.
Curiosamente, o idoso gostava de pássaros e criou um corvo durante anos. No dia em que foi solto, Brooks libertou também seu corvo.
Ao voltar ao convívio em sociedade, o ex-detento não conseguiu se adaptar, entrou em depressão e acabou tirando a própria vida.
As aves simbolizam a liberdade, enquanto o corvo é visto como representação do azar. Dessa forma, a associação entre esse personagem e o corvo fez muito sentido, pois carrega a contradição entre a libertação e a morte.
A música clássica como conforto aos detentos
Certo dia, a biblioteca do presídio recebe uma doação. Entre os livros, há também a gravação de Le nozze di Figaro, uma ópera de Mozart.
Andy fica animado com a música e resolve, sem permissão, colocá-la no sistema de auto-falante para que os presos possam escutá-la. Todos ficam deslumbrados e param tudo o que estão fazendo para apreciar a ópera.
Mesmo sendo pressionado a desligar o som, Andy se mantém firme e aproveita o momento, pois sabia que levava um pouco de alegria e arte aos companheiros.
Por conta da desobediência, ele recebe como punição uma semana na solitária.
Aqui a história evidencia a importância da arte na vida das pessoas e revela mais uma vez o caráter sensível e generoso do personagem.
Ao voltar do castigo, vemos uma conversa em que Andy diz a Red que a esperança é o sentimento que o faz seguir em frente. Red, por sua vez, aconselha o amigo a deixar de ter esperança, pois isso só traz frustração.
Andy e o trabalho para o diretor Samuel Norton
O diretor da prisão, Samuel Norton, é um sujeito que se diz crente em Deus e na bíblia. Entretanto, essa condição de “homem religioso” serve apenas para disfarçar sua falta de caráter.
Ele começa a desviar dinheiro por meio da exploração do trabalho de prisioneiros e obriga Andy a ajudá-lo. Assim, o protagonista se torna ainda mais necessário para o diretor no esquema de lavagem de dinheiro.
Andy cria então uma identidade falsa com o nome de "Randall Stephens" para se prevenir e driblar possíveis investigações.
A passagem de Tommy Williams na prisão
Em 1965 chega à prisão Tommy Williams, um jovem rebelde que já havia passado por diversas penitenciárias.
Tommy não havia completado os estudos e pede que Andy o ensine a ler e escrever. Por isso, os dois se aproximam e Andy conta o motivo de estar preso.
Tommy se surpreende com a história e conta que certa vez conheceu um presidiário que revelou ser o assassino de um casal. O sujeito contou ainda que o marido da mulher era um bancário que foi preso em seu lugar.
Andy fica eufórico com a possibilidade de conseguir finalmente provar sua inocência. Ele então vai até Samuel Norton e pede que Tommy deponha a seu favor. Diz ainda que nunca contará a ninguém sobre os esquemas de lavagem de dinheiro.
Mas o diretor fica furioso e rejeita qualquer possibilidade de que seu “braço direito” seja libertado. Ele chama Tommy para uma conversa do lado de fora da prisão e executa o rapaz. Além disso, prende Andy na solitária por um mês para reafirmar seu poder.
Essa é uma passagem impactante do filme e mostra até onde pode chegar a crueldade e a ganância de um ser humano, além da ingratidão.
Depois que sai da solitária, Andy conta para Red que tem o sonho de um dia sair da prisão e viver em Zihuatanejo, uma cidade no México.
A contagem dos prisioneiros
Um tempo depois, em uma manhã, os guardas fazem a contagem dos presos e percebem que a cela de Andy estava vazia.
Eles então descobrem na parede um enorme buraco atrás do pôster da atriz Raquel Welch. Durante os 20 anos que permaneceu na cela, Andy havia cavado um túnel com o pequeno martelo que adquiriu assim que chegou.
Dessa forma, conseguiu fugir de Shawshank através da tubulação de esgoto. Andy amarrou nos pés um saco plástico com os documentos que provavam a corrupção de Norton.
Em liberdade, ele consegue incriminar o diretor da cadeia, que comete suicídio, e toma a identidade de Randall Stephens (o personagem “fantasma”), pegando também o dinheiro das transações.
Assim, finalmente pode ir para o México e ter uma vida tranquila perto do mar.
Os ensinamentos que ficam claros aqui são os de que vale a pena ter esperança, paciência, determinação e força. Pois foi com esses requisitos que o personagem alcançou a tão sonhada liberdade.
Red libertado
Enquanto isso, Red tem finalmente a sua liberdade condicional aprovada. Depois de quarenta anos vivendo em Shawshank, ele é interrogado e pela primeira vez faz um discurso espontâneo e sincero. Assim, consegue sair da cadeia e passa a viver na mesma pensão que o ex-presidiário Brooks Hatlen.
É interessante analisar como a mesma situação vivida anteriormente por Brooks é encarada de uma maneira diferente por Red. Mesmo experimentando os mesmo sentimentos confusos e de solidão que seu colega, Red escolhe viver.
Ele então encontra uma carta que Andy havia deixado em um local previamente marcado. As palavras do amigo o fortalecem ainda mais. Na carta há também um convite para que eles se encontrem em Zihuatanejo. Assim é feito.
As cenas finais, em que Red vai em busca de Andy e os dois se reencontram, exibem a natureza de uma forma ampla. O campo aberto e o mar aparecem como o símbolo da libertação e da vida, levando o espectador a sentir alívio ao ver os personagens no novo cenário.
Como o enredo é contado sob o ponto de vita de Red, podemos dizer que o filme é sobre a história de um presidiário já sem esperanças que conhece um jovem inteligente e determinado.
O rapaz lhe prova ser possível alcançar a liberdade e a paz de espírito mesmo com as piores condições. É, portanto, uma história sobre otimismo e fé.
Curiosidades sobre o filme
Muitos livros de Stephen King serviram como base para produções cinematográficas, entretanto, não foram todas que o agradaram. Esse não é o caso de Um sonho de Liberdade.
Considerado pelo escritor como uma das melhores adaptações de um de seus livros, o filme foi escrito em apenas oito semanas pelo diretor e roteirista Frank Darabont, que até então nunca tinha feito um longa-metragem.
Tom Cruise foi cotado para fazer o papel de Andy Dufranse e atores brancos como Clint Eastwood e Harrison Ford quase interpretaram Red. Isso por conta de sua origem irlandesa no livro, o que justifica o apelido "Red" (vermelho, em inglês). Mas o diretor preferiu optar por Morgan Freeman devido a sua voz marcante e excelente interpretação.
As fotografias nos documentos referentes à condicional de Red mostram o personagem mais jovem. As imagens exibidas são, na realidade, do filho caçula de Morgan Freeman, Alfonso Freeman, que fez também uma cena como figurante no longa.
Ao final do filme, vemos a frase "Em memória de Allen Greene", homenagem a um amigo pessoal do diretor Frank Darabont e agente literário que contribuiu para a realização da produção.
Ficha técnica
Título | Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, originalmente |
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Ano de lançamento | 1994 |
Direção e roteiro | Frank Darabont |
Adaptação do livro | Rita Hayworth and Shawshank Redemption de Stephen King |
Gênero | Drama |
País | Estados Unidos |
Personagens e elenco | Tim Robbins como Andy Dufresne Morgan Freeman como Ellis Boyd "Red" Redding Bob Gunton como Samuel Norton Gil Bellows como Tommy Williams James Whitmore como Brooks Hatlen |
Narração | Morgan Freeman |
Prêmios | Indicado a 7 Oscars e 2 Globos de Ouro |
Nota do IMDB | 9,3 |
Onde assistir | YouTube Filmes e Google Play |
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