Alice no País das Maravilhas: frases inspiradoras e comentadas
Alice no país das maravilhas é um dos maiores clássicos da literatura mundial, atravessando gerações e encantando leitores e leitoras de todas as idades.
Foi escrito em 1865 por Lewis Carroll, que se inspirou na menina Alice Lidell para criar sua personagem mais famosa. A trama se passa em um mundo de fantasia e tem personagens icônicos como o Coelho Branco, o Chapeleiro Maluco, o Gato de Cheshire e a Rainha de Copas.
É um livro divertido e instigante que apresenta reflexões e questionamentos existenciais de maneira leve, de modo que muitas de suas frases e citações se tornaram emblemáticas e são sempre lembradas.
1. Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.
Essa é uma passagem muito bonita de Alice no país das maravilhas, pois nos mostra de forma metafórica a percepção sobre a própria identidade e sobre as mudanças e transformações na vida.
Alice, ao ser abordada de maneira aparentemente corriqueira pela lagarta, passa a refletir mais profundamente sobre seu próprio eu, ficando um pouco confusa, mas certamente entrando em contato com questionamentos importantes sobre a existência.
Confira o diálogo completo:
Quem é você? — perguntou a Lagarta.
Eu... mal sei, Sir, neste exato momento... pelo menos sei quem eu era quando me levantei esta manhã, mas acho que já passei por várias mudanças desde então. — respondeu Alice.
Que quer dizer com isso? — esbravejou a Lagarta. Explique-se.
Receio não poder me explicar. Por que não sou eu mesma, entende? — disse Alice.
Não entendo. — respondeu a Lagarta.
Receio não poder ser mais clara. Pois eu mesma não consigo entender, para começar; e ser de tantos tamanhos diferentes num dia é muito perturbador. — completou Alice.
2. Aonde fica a saída?
Aonde fica a saída? — Perguntou Alice ao gato que ria.
Depende — respondeu o gato.
De quê? — replicou Alice;
Depende de para onde você quer ir...
Essa é talvez uma das mais famosas passagens desse clássico infanto-juvenil. Aqui observamos a sabedoria do gato ao responder uma pergunta angustiada de Alice. Ela quer encontrar uma saída, mas não sabe para onde quer ir.
Então o gato lhe diz que qualquer caminho serve, já que ela não tem uma direção que gostaria de seguir.
Assim como Alice, muitas vezes nos sentimos perdidos, sem rumo na vida e procuramos que outras pessoas nos apontem os caminhos que devemos tomar.
Entretanto, essa é uma resposta que deve vir de nós mesmos. Muitas vezes devemos silenciar e tentar entender qual nosso propósito e o que faz o coração vibrar, só assim saberemos qual o caminho a ser seguido.
3. Chapeleiro, você me acha louca?
Alice: Chapeleiro, você me acha louca?
Chapeleiro: Louca, louquinha! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são.
Essa frase do Chapeleiro maluco é muito interessante, pois aponta para um tipo de "loucura" mais parecido com a ludicidade, com a capacidade de brincar, imaginar e se surpreender com as coisas simples da vida.
Outra frase similar que explica um pouco mais é da médica psiquiatra brasileira Nise da Silveira, que diz: “Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.”
4. Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: quanto tempo?
Nessa passagem, Alice se questiona sobre o tempo e sobre a resolução de problemas. Quando escutam que o tempo resolve tudo, muitas pessoas tendem a acreditar que apenas com a passagem dos dias os desafios serão superados.
Mas a verdade é que para curarmos dores antigas e profundas, muitas vezes é preciso um esforço e trabalho de autoconhecimento aliado à passagem do tempo.
5. A questão é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
— Quando eu uso uma palavra — disse Humpty Dumpty num tom de zombaria— ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique... nem mais nem menos.
— A questão — ponderou Alice — é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
— A questão — replicou Humpty Dumpty — é saber quem é que manda. É só isso.
Aqui Lewis Caroll faz uma crítica sobre o poder e o uso da linguagem.
O diálogo entre Alice e Humpty Dumpty revela que quem tem o poder nas mãos, frequentemente tem também a capacidade de manipular o discurso a seu favor.
6. Seja o que você pareceria ser
Concordo inteiramente com você - disse a Duquesa. - E a moral disso é: 'Seja o que você pareceria ser'. Ou se você preferir isso dito de uma maneira mais simples: 'Nunca se imagine como não sendo outra coisa do que aquilo que poderia parecer aos outros que aquilo que você foi ou poderia ter sido não fosse outra coisa do que o que você poderia ter sido parecia a eles ser outra coisa'.
- Acho que eu poderia entender isso melhor - disse Alice de maneira muito educada - se estivesse tudo escrito. Mas, desse jeito, eu não consigo entender o que você quer dizer.
Por meio de diálogos absurdos e bem humorados, o escritor convoca os leitores e leitoras a refletir sobre as aparências e necessidade de aprovação. O conselho confuso da duquesa fala sobre aparência x essência.
Mas Alice evidentemente não entende muito bem e, de maneira educada, diz que se estivesse escrito talvez conseguisse compreender, refletindo assim o caráter ilógico e incoerente do País das Maravilhas.
7. Vamos, não adianta nada chorar assim!
"Vamos, não adianta nada chorar assim!" — disse Alice a si mesma, num tom áspero. "eu a aconselho a parar já" — em geral dava conselhos muito bons a si mesma (embora raramente os seguisse), repreendendo-se de vez em quando tão severamente que ficava com lágrimas nos olhos...
Quantas vezes nós mesmos não nos aconselhamos? E quantas vezes seguimos nossa "voz interior"? Aqui vemos a personagem em um diálogo interno no qual ordena que pare de chorar, o que obviamente não adianta.
Então, a mensagem que podemos tirar dessa citação é que não adianta nos repreendermos com dureza e culpa, pois raramente esse tipo de abordagem interna vai funcionar, pelo contrário.
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