Catedral de Santa Maria del Fiore: história, estilo e características
A Igreja de Santa Maria del Fiore, também conhecida como a Catedral de Florença, começou a ser erguida no ano de 1296. O tempo é um dos maiores do Cristianismo.
Suntuosa, muitos pesquisadores e historiadores consideram a Catedral projetada por Arnolfo di Cambio (1245-1301/10) como o primeiro símbolo da arquitetura Renascentista.
Um dos elementos que mais chama atenção na obra é a presença do impressionante e inovador Duomo, de autoria de Filippo Brunelleschi (Florença, 1377-1446).
As obras da Catedral - que é também a sede da arquidiocese de Florença - duraram anos a fio e a construção é considerada um dos grandes Monumentos da Itália.
História do monumento
A construção da Igreja começou em 1296 - a primeira pedra da fachada foi posta em 8 de setembro de 1296.
O projeto ousado sublinhava a importância cultural e econômica de Florença no contexto não só italiano como também europeu. Na época, a cidade vivia um período de plenitude econômica principalmente devido ao comércio de seda e lã.
O projeto inicial da Igreja foi feito pelo arquiteto italiano Arnolfo di Cambio. O criador, que nasceu em 1245 e faleceu entre 1301 e 1310 - não se sabe a data exata -, era um amante do estilo gótico e introduziu na sua obra uma série de elementos daquele estilo. O arquiteto trabalhou na Catedral entre 1296 e 1302.
Com a morte de Arnolfo os trabalhos foram interrompidos, tendo sido retomados apenas em 1331.
Um pouco sobre Arnolfo di Cambio
O arquiteto e artista italiano trabalhou no princípio da sua carreira especialmente em Roma, até que, em 1296, Arnolfo mudou-se para Florença para dar início ao seu projeto mais importante: a Catedral da cidade.
Além de ser responsável pela majestosa Igreja, Arnolfo também assinou as esculturas da fachada (que agora estão no Museu do Duomo), o Palazzo Vecchio (Palazzo della Signoria), a Igreja de Santa Croce e o coro da Abadia Beneditina.
O nome de Arnolfo di Cambio é, portanto, essencial para a arquitetura da cidade.
O estilo da Catedral
A Igreja de Santa Maria del Fiore é uma das maiores obras góticas do mundo.
Apesar de ser marcada pelo estilo gótico, a Catedral possui uma série de influências de outros estilos que retratam os períodos históricos pelos quais a Igreja passou.
O campanário da Igreja
Um segundo nome importante é o de Giotto, que em 1334 foi nomeado mestre dos trabalhos e deu início à criação do campanário da Igreja.
No entanto, três anos após ter iniciado o trabalho, o mestre faleceu. As obras continuaram com Andrea Pisano (até 1348) e quem o sucedeu foi Francesco Talenti, que atuou de 1349 a 1359 e conseguiu completar a torre do sino.
Vale lembrar que durante a atuação de Pisano a região sofreu violentamente com a peste negra, que acabou por reduzir a população pela metade (de 90.000 habitantes restaram apenas 45.000).
O Campanário permite uma vista panorâmica sob Florença para quem vencer os seus 414 degraus (são 85 metros de altura).
A fachada
Destruída no final do século XVI, a fachada da igreja foi redesenhada por Emilio de Fabris (1808-1883).
No novo desenho foram incorporados mármores das mais variadas cores.
A fachada foi erguida entre 1871 e 1884 e procurava imitar o estilo florentino do século XIV.
Por que a Igreja se chama Santa Maria del Fiore?
O lírio é considerado o símbolo da Florença, por esse motivo foi escolhido para batizar a catedral da cidade.
Tal flor é muito importante para a cultura florentina porque se encontra em grande quantidade nas plantações da região.
Localização e dimensões
Situada no coração de Florença, na região da Toscana, na Itália, a Igreja de Santa Maria del Fiore está incrustada no meio da Praça do Duomo.
A Catedral possui 153 metros de comprimento, 43 de largura e 90 de transepto. Internamente, a altura da cúpula é 100 metros.
Quando acabou de ser construída, no século XV, a Igreja era a maior da Europa e tinha capacidade para abrigar 30.000 fiéis. Atualmente ela perde em termos de tamanho somente para duas outras igrejas, são elas: a Basílica de São Pedro (Vaticano) e a Catedral de São Paulo (Londres).
A Cúpula da Santa Maria del Fiore
Em 1418 as autoridades italianas demonstravam preocupação com o buraco que havia no teto da igreja, permitindo a entrada do sol e da chuva. Quando as obras da Igreja foram encerradas, não havia nenhuma solução de construção para o teto que, por esse motivo, permaneceu sem cobertura.
O edifício foi sofrendo com as intempéries e, temendo as consequências para a construção, os políticos da época lançaram um concurso público para descobrirem sugestões de projetos para a cúpula.
O desejo era construir a maior cúpula do mundo, mas não aparecia ninguém que parecesse tecnicamente dotado para realizar a obra.
O vencedor receberia 200 florins de ouro e a possibilidade de inclusão póstuma do seu nome na obra.
O projeto era extremamente difícil devido aos desafios em termos de construção. Todas as opções que pareciam existir eram extremamente onerosos e acabavam por se tornar inviáveis. No entanto, vários arquitetos celebrados da época concorreram ao prêmio.
Filippo Brunelleschi, um então ourives nascido em Florença, criou um projeto extremamente inovador que não necessitava de uma estrutura cara e complexa de andaimes.
Sua ideia era erguer duas cúpulas, uma dentro da outra. A cúpula interna teria uma base com dois metros de espessura e um topo com 1,5 metros. A segunda cúpula era menos espessa e tinha como objetivo proteger a construção especialmente da chuva, do sol e do vento. As duas cúpulas deveriam ser conectadas por uma escada, que até hoje encontra-se aberta para visitação.
Apesar de não ter vencido o concurso (que foi encerrado sem nenhum vitorioso), o projeto de Brunelleschi, extremamente original, despertou a atenção das autoridades.
Brunelleschi trazia muitos conhecimentos oriundos do universo da ourivesaria e passou algum tempo em Roma, antes do concurso, estudando a estrutura de monumentos antigos.
O ourives começou os trabalhos no monumento em 1420 com o título de diretor do projeto da cúpula (em italiano conhecido como provveditore).
Lorenzo Ghiberti, também ourives, colega de profissão de Brunelleschi e seu maior rival, foi nomeado diretor-adjunto e ficou responsável por controlar a obra.
A construção teve vários problemas durante o seu andamento, reza a lenda que especialmente devido à personalidade complicada de Filippo Brunelleschi.
A cúpula acabou de ser construída somente no ano de 1436.
Curiosidades sobre o monumento
A vista do monumento
Quem deseja chegar até a varanda do miradouro precisa vencer uma íngreme subida que contém 463 degraus.
Ao chegar lá em cima, o visitante pode desfrutar de uma vista panorâmica sobre Florença.
A rivalidade entre Brunelleschi e Ghiberti
Conta-se que o autor da obra da cúpula ficou inicialmente com o ego ferido porque ele e Ghiberti recebiam exatamente o mesmo salário anual - 36 florins - mesmo tendo sido Brunelleschi o único autor da ideia.
Algum tempo depois do avanço na construção a injustiça foi corrigida: Brunelleschi ganhou um enorme aumento (100 florins ao ano) e Ghiberti continuou a receber o mesmo valor.
A cripta de Brunelleschi
Pouca gente sabe, mas o idealizador da cúpula, Filippo Brunelleschi, está enterrado em uma cripta situada na Catedral, com a face voltada para a cúpula que mandou erguer.
O ourives faleceu no dia 5 de junho de 1446 e foi sepultado com uma placa de honra, um fato raro e sinal do seu reconhecimento porque esse tipo de ritual era reservado somente aos arquitetos.
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