Instalação Artística
As chamadas instalações artísticas são obras de arte que se utilizam necessariamente do espaço.
Nessa vertente, os artistas planejam seus trabalhos dispondo elementos em um ambiente, normalmente museus e galerias.
Dessa forma, buscam relacionar os objetos artísticos com o lugar e com o público, que muitas vezes interage com a obra.
Qual a origem das instalações de arte?
A instalação de arte foi assim denominada na década de 1960. Desde o seu surgimento, existe um esforço no sentido de definir seus limites e diferenciá-la de outras manifestações, como a arte ambiental, a land art, a assemblage e outros trabalhos.
Por vezes é uma expressão dúbia que pode conectar-se com outras vertentes artísticas, sendo portanto uma linguagem híbrida.
Podemos relacionar a origem das instalações com os trabalhos intitulados Merz (1919), de Kurt Schwitters (1887-1948) e obras de Marcel Duchamp (1887-1968), sobretudo duas que ele cria para exposições realizadas em Nova York de 1938 e 1942.
Em uma delas, Duchamp - considerado o "pai do dadaísmo" - dispõe sacos de carvão em um lugar normalmente não utilizado nas galerias: o teto. Assim, o público é obrigado é mudar a perspectiva de observação, o que causa estranhamento.
Na outra, Milhas de Barbantes, o artista insere barbantes no ambiente de museu, delimitando o espaço.
Anos antes, ainda em 1926, Piet Mondrian (1872-1944) desenha um projeto artístico para o Salão de Madame B, na Alemanha.
A ideia era de revestir as paredes de um cômodo com as cores representativas do artista, traçando assim uma relação espacial com o universo cromático. O projeto foi executado em 1970.
A arte minimalista e a arte povera também propuseram trabalhos que se relacionam com o conceito de instalação, como esculturas de grandes proporções.
Leia também: Obras de arte para entender Marcel Duchamp e o dadaísmo.
Artistas e obras
Muitos artistas se valem das instalações como método de expressão, além de outras linguagens. Assim, essa produção é bastante extensa desde a década de 80, principalmente.
Selecionamos algumas obras de artistas do Brasil e do mundo.
Yayoi Kusama
A artista japonesa Yayoi Kusama nasceu em 1929 e é hoje uma das mulheres artistas mais bem avaliadas do mundo.
Sua arte inclui tendências da pop art, surrealismo e minimalismo. Yayoi ficou conhecida, principalmente, por conta das polka dots, as bolinhas coloridas que ela insere em inúmeros trabalhos, sejam quadros, instalações, colagens, fotografias ou esculturas.
Na instalação Sala de Espelhos Infinitos – Campo de Falos, Yayoi cria um universo espelhado de onde nascem pequenos objetos fálicos brancos pintados com bolinhas vermelhas. Esse ambiente ousado desperta a curiosidade do público, que interage com a obra.
Jessica Stockholder
Essa é uma artista norte-americana nascida em 1959. Ela trabalha com esculturas, instalações, pinturas e desenhos.
Jessica propõe em seus trabalhos uma comunicação entre as obras de arte e as obras arquitetônicas, criando lugares inacabados, onde fios, andaimes, tecidos e outros elementos nos lembram que estamos em contante construção.
Henrique Oliveira
Henrique Oliveira é um artista brasileiro do interior de São Paulo que nasceu em 1973. Parte de seu trabalho consiste em criar espaços que remetem a órgãos ou elementos orgânicos.
Para isso, ele utiliza lascas de madeira sobrepostas em estruturas previamente criadas. Assim, inventa túneis ou carcaças recobertas por um material que associa-se também à pintura, como se fossem enormes pinceladas de tinta.
Em muitas dessas obras o público pode adentrar no trabalho e sentir-se dentro de um corpo. Uma dessas instalações é A Origem do Terceiro Mundo, exposta na Bienal de Arte de São Paulo em 2010.
Rosana Paulino
A artista visual paulistana Rosana Paulino, nascida em 1967, é também arte-educadora e pesquisadora.
Ela possui um trabalho bastante consistente no qual aborda diversas questões, principalmente, a identidade da mulher negra e o racismo estrutural presente na sociedade brasileira.
Na instalação As tecelãs, de 2003, a artista lida de maneira poética com o ciclo da vida. São 100 peças em terracota, algodão e linhas dispostas nas paredes e no chão da galeria.
Cildo Meireles
Cildo Meireles é carioca e nasceu em 1948. O artista possui uma carreira sólida, sendo reconhecido internacionalmente. Cildo é bastante versátil, possuindo trabalhos em pintura, escultura, fotografia, instalações, objetos, intervenções e outras linguagens.
Desvio para o vermelho é uma instalação que foi montada pela primeira vez em 1967 no Rio de Janeiro, depois foi remontada diversas vezes e teve uma versão definitiva em 1984.
A obra é um cômodo em que todos os objetos são vermelhos. O artista define o lugar como sendo possível, mas improvável. Ele escolhe o vermelho para representar o interior do ser humano, como se o ambiente fosse um corpo e o público adentrasse nesse corpo.
Também é possível traçar um paralelo da cor com a paixão, o entusiasmo e ao mesmo tempo a violência, a dor e o estado de alerta. Isso justifica-se inclusive pelo fato que motivou Cildo a projetar essa obra, que foi o assassinato de um jornalista amigo da família na época da ditadura militar.
Além disso, o vermelho, que a princípio parece apenas "colorir" o cômodo, torna-se aos poucos a própria matéria.
Essa é uma instalação que da mesma forma que te "convida" a explorá-la em um primeiro momento, depois torna-se agressiva e sufocante.
Características comuns em instalações
Artistas criam instalações com propósitos variados. São inúmeras as intenções presentes nessas obras, e elas podem ser realizadas de maneiras muito distintas. Algumas são efêmeras, outras permanentes, outras montadas em vários espaços.
Entretanto, é possível relacionar algumas ideias que podem estar presentes em muitas instalações. A tentativa de mudar a perspectiva do público é uma delas, fazendo-o observar as coisas sob outros pontos de vista.
Outro ponto interessante que esse tipo de obra traz é sobre o conceito de "objetificação" das obras de arte que as tornam colecionáveis.
As instalações vão na contra-mão dessa ideia, pois os trabalhos são geralmente grandiosos, dependem do espaço e do público, o que torna inviável que sejam adquiridos por colecionadores. Assim, cria-se também uma espécie de "crítica" ao mercado da arte.
Instalações Site Especific
Site specific, ou sítio específico, é um termo usado para designar projetos artísticos criados especialmente para lugares pré-determinados.
Normalmente essas obras são fruto de algum convite para que o artista desenvolva um trabalho que dialoga com o ambiente ao redor.
Assim, os "sítios específicos" relacionam-se à arte ambiental (instalações produzidas em ambiente urbano), e à land art, trabalhos realizados em meio à natureza.
Como são realizadas em locais públicos, essas obras podem ser acessadas por todos.
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