Karl Marx: vida, obras e principais teorias
Uma figura polarizante, amada por uns e odiada por outros, Karl Marx (1818 — 1883) é sem dúvida uma das personalidades que mais marcaram a nossa sociedade.
Além de ser um dos teóricos fundadores do socialismo científico, também foi filósofo, historiador, sociólogo, economista e jornalista.
Os seus pensamentos sobre a organização social, econômica e política, entre outras matérias, influenciaram amplamente o mundo em que vivemos, se tornando uma referência incontornável.
A vida de Karl Marx: resumo da sua biografia
O início da sua vida
Karl Marx nasceu no dia 5 de maio de 1818, na Prússia, antigo reino e posterior estado membro do império alemão. Mais tarde, ele viria a se tornar apátrida.
Filho de Henriette Pressburg e Herschel Marx, foi o terceiro de nove irmãos e pertencia a uma família judaica de classe média.
O seu pai era advogado e conselheiro da Justiça; Karl seguiu os seus passos e começou a estudar direito na Universidade de Bonn.
Berlim e o contato com a filosofia
Foi quando pediu transferência para a Universidade de Berlim que a vida de Marx mudou de rumo. Na instituição onde Hegel ensinava e era reitor, o jovem começou a se interessar cada vez mais pelo pensamento filosófico.
Aí, decidiu abandonar o direito, optando pelo doutorado em filosofia e começando a colaborar com os Jovens Hengelianos.
O movimento, também conhecido como "hengelianos de esquerda", era formado por alunos e professores que refletiam sobre questões relacionadas com a religião e o papel do Estado.
Na época, começou a escrever em publicações locais e acabou se tornando redator-chefe da Gazeta Renana. Nesse contexto, Marx conheceu Friedrich Engels que viria a se tornar seu amigo e grande companheiro de trabalho.
Visão crítica sobre o mundo
O olhar crítico e atento do pensador ia se tornando cada vez mais evidente com o tempo. Um dos maiores nomes do socialismo, Marx foi divulgando as suas opiniões sobre política, economia e organização social.
Defensor da classe trabalhadora, a força braçal que move o mundo, Marx veio chamar atenção para a luta de classes que tem determinado o percurso da humanidade.
Na sua perspectiva, o Estado servia os interesses da classe dominante, aquela que tinha dinheiro e poder, em vez de zelar por todos os cidadãos. A busca por uma sociedade sem classes e a mobilização de uma ação revolucionária organizada fizeram de Marx uma ameaça para muitas figuras poderosas.
Assim, depois de tecer duras críticas ao governo da Prússia, a Gazeta Renana foi descontinuada, Marx ficou sem emprego e foi viver em Paris. Mais tarde, ele foi expulso da França e da Bélgica, a pedido do governo alemão.
Casamento e família
Ainda antes de se mudar para Paris, Marx se casou com Jenny von Westphalen, que era filha de um barão e professor universitário da Prússia.
O noivado durou anos e era mantido em segredo, já que as famílias não aprovavam a união. Os dois trabalhavam juntos e Jenny costumava transcrever os seus textos.
O casal gerou sete filhos, mas apenas três sobreviveram até à idade adulta, devido às condições de vida precárias que a família levava: Jenny Caroline, Jenny Laura e Jenny Julia Eleanor.
Marx também teve um filho fora do casamento com uma militante, Helena Demuth. A criança, chamada Frederick, foi assumida por Engels e adotada por uma família londrina.
Política e comunismo
Em Paris, Marx conheceu a Liga dos Justos, uma organização criada por revolucionários alemães que tinham imigrado.
Inicialmente, o grupo se focava no socialismo utópico; mais tarde, veio a se tornar a Liga dos Comunistas, a primeira organização marxista internacional.
O interesse de Marx por politica e economia se tornava cada vez maior, ao mesmo tempo que a sua parceria com Engels se solidificava.
Por causa do que estava escrevendo, o teórico acabou sendo expulso da França e teve que se mudar para a Bélgica, onde reencontrou o companheiro. Lá, Marx e Engels uniram forças para escrever O Manifesto Comunista.
A família acabou tendo que abandonar a Bélgica a mando do governo e circulou por vários países onde não conseguiu permanecer.
Fase final da sua vida
Finalmente, Marx se mudou para Londres, com a ajuda daqueles que apoiavam o seu trabalho, já que estava enfrentando grandes dificuldades, e passou o resto da sua vida naquela cidade.
No dia 14 de março de 1883, Karl Marx morreu por causa de problemas respiratórios que surgiram na sequência de uma bronquite.
As obras mais célebres de Karl Marx
O Manifesto Comunista (1848), em colaboração com Friedrich Engels
Publicado no dia 21 de fevereiro de 1848, O Manifesto Comunista é um dos tratados políticos mais relevantes da nossa história coletiva.
Com o título original O Manifesto do Partido Comunista, o texto foi produzido no âmbito da Liga dos Comunistas e escrito por Marx e Engels, seus principais teóricos.
Produzida a partir do contexto da revolução industrial, a obra fala sobre os princípios e as reivindicações da Liga, explicando aquilo que defendia.
Empreendendo uma análise histórica focada na economia, Marx e Engels procuraram demonstrar de que modos o capitalismo estruturou a sociedade contemporânea, apontando a burguesia como a nova classe social dominante (e opressora).
O processo acelerado de industrialização e o clima altamente competitivo do capitalismo, entre outros fatores, teria conduzido à exploração da classe trabalhadora.
Submetidos a condições laborais extremamente precárias, os operários eram quase reduzidos a objetos, meras engrenagens na grande máquina do mundo. Marx e Engels defendiam que a classe proletária precisava estar consciente e construir uma luta organizada.
Deste modo, deveriam assumir uma postura revolucionária, com o propósito de cessar a divisão de classes. Para isso, seria necessário abolir a propriedade privada e promover a estatização dos meios de produção.
Entre outros tópicos, o manifesto propunha várias reformas que pretendiam defender os direitos dos trabalhadores, como a redução das horas de trabalho diárias e o voto "universal" (só para o sexo masculino).
Marx e Engels também condenavam o trabalho infantil e promoviam a educação para todas as crianças. Em vez de uma visão nacionalista, acreditavam na união dos trabalhadores de vários países.
Lançaram esse apelo através da célebre frase:
Proletários de todo o mundo, uni-vos!
O Capital (1867 — 1905)
Considerado ao obra-prima de Karl Marx, O Capital foi lançado em 4 livros, sendo que o primeiro volume foi publicado em 1867 e o último em 1905. Cada livro contém reflexões que estão divididas por grandes temáticas:
- O processo de produção do capital
- O processo de circulação do capital
- O processo global da produção capitalista
- Teorias da mais valia
A obra sintetiza várias reflexões que já tinham surgido em escritos anteriores do autor, expondo e explicando suas teorias econômicas marxistas.
Lista completa das obras de Karl Marx
- Oulanem (1839)
- Diferença da Filosofia da Natureza em Demócrito e Epicuro (1841)
- Crítica da Filosofia do Direito de Hegel (1843)
- A Questão Judaica (1843)
- Contribuição para a Crítica da Filosofia do Direito em Hegel: Introdução (1844)
- Manuscritos Econômico-filosóficos (1844)
- Teses sobre Feuerbach (1845)
- A Sagrada Família (1845)
- A Ideologia Alemã (1845-1846)
- Miséria da Filosofia (1847)
- A Burguesia e a Contra-Revolução (1848)
- Manifesto Comunista (1848)
- Trabalho Assalariado e Capital (1849)
- As Lutas de Classe na França de 1848 a 1850 (1850)
- Mensagem da Direção Central da Liga Comunista (1850)
- O 18 de Brumário de Luís Bonaparte (1852)
- Punição Capital (1853)
- Revolução na China e na Europa (1853)
- O Domínio Britânico na Índia (1853)
- Guerra na Birmânia (1853)
- Resultados Futuros do Domínio Britânico na Índia (1853)
- A Decadência da Autoridade Religiosa (1854)
- Revolução na Espanha (1856)
- Grundrisse (1857-1858)
- Para a Crítica da Economia Política (1859)
- População, Crime e Pauperismo (1859)
- Manifesto de Lançamento da Primeira Internacional (1864)
- Salário, Preço e Lucro (1865)
- O Capital: crítica da economia política (Livro I: O processo de produção do capital) (1867)
- A Guerra Civil na França (1871)
- Resumo de Estatismo e Anarquia, obra de Bakunin (1874-1875)
- Crítica ao Programa de Gotha (1875)
- Artigo em defesa da Polônia (1875)
- Notas sobre Adolph Wagner (1880)
Veja também: Discurso I Have a Dream, de Martin Luther King