Livro Ética a Nicômaco, de Aristóteles: resumo da obra
Considerada uma obra fundamental do filósofo Aristóteles e um dos livros principais para se compreender a cultura ocidental. Ética a Nicômaco é uma obra chave que debate assuntos referentes à moral e ao caráter.
O que chamamos de Ética a Nicômaco é uma coletânea que reúne dez livros e versa sobre os mais variados assuntos, enfocando especialmente na questão da felicidade e nos meios para se alcançá-la.
Resumo
Aristóteles tinha como mestre Platão e, dando continuidade a cultura do ensino e da reflexão, passou a lecionar também para seu filho, Nicômaco.
É a partir das anotações de Nicômaco que Aristóteles levanta e discute as ideias centrais para a filosofia ocidental, principalmente as debatidas em a República, de Platão.
De acordo com os ensinamentos inseridos em Ética a Nicômaco, a ética não é um conceito abstrato e distante, encerrado no ambiente de ensino, mas é percebido como algo prático e palpável, um exercício que permite o florescer da felicidade humana.
Um dos temas centrais para o livro, por sinal, é a felicidade, alvo de atenção sobretudo nos livros I e X da produção.
Aristóteles assume um papel de pedagogo porque se preocupa com a educação e com o futuro do seu próprio filho.
Segundo o filósofo, a felicidade é a finalidade última do ser humano, um bem supremo para onde todo homem se inclina, "a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo".
Ainda de acordo o filósofo discípulo de Platão,
"o bem soberano é a felicidade, para onde todas as coisas tendem" (...)
"é em busca da felicidade que se justifica a boa ação humana"
A obra começa com um apanhado bastante geral, uma reflexão sobre o bom e o bem. Aristóteles diferencia o ser humano do animal, porque o homem, ao contrário dos bichos, almeja e galga a felicidade suprema.
Independentemente de ser um homem comum ou um grande intelectual, todos nós desejamos ser felizes, e, para tanto, exercemos nossas virtudes tendo em vista o melhor. O conceito de virtude utilizado, embora ligeiramente modificado, é herdado dos seus antecessores Sócrates e Platão.
Fica claro que Aristóteles percebe que o conceito de felicidade varia de indivíduo para indivíduo, mas o filósofo procura elaborar uma teoria que contemple a todos.
De acordo com o filósofo, existem três tipos de vidas possíveis:
- aquela dos prazeres, onde o ser humano se torna um refém daquilo que deseja;
- aquela política, que busca a honra pelo convencimento;
- aquela contemplativa, a única que detém, de fato, a essência da felicidade.
A vida contemplativa é guiada pelo pensamento e tem como origem a nossa alma, o segredo para alcançá-la é buscar os elementos dentro de si, e não almejar algo que esteja do lado de fora. Dessa forma, para Aristóteles, o maior bem possível de se alcançar é o prazer intelectual, intrinsecamente ligado à vida contemplativa.
Sobre o título
A escolha do título faz uma referência ao filho do filósofo, chamado Nicômaco. Além de filho de Aristóteles, Nicômaco era também seu discípulo e foi a partir das suas anotações enquanto aluno que o filósofo ergueu o texto.
Uma curiosidade: Nicômaco era também o nome do pai de Aristóteles.
Sobre Aristóteles
Considerado o primeiro pesquisador científico, Aristóteles foi discípulo do grande filósofo Platão desde 367 a.C. Nascido em Estágira, uma colônia de origem jônica situada na Macedônia, em 384 a.C., Aristóteles viveu durante anos em Atenas, aprendendo com o mestre.
Após a morte de Platão, Aristóteles migrou para Eólida, depois para Lesbo, até retornar para a Macedônia.
Nascido em condições muito favoráveis, o pai de Aristóteles, também chamado Nicômaco, era médico de Amintas II, rei da Macedônia. Aos 17 anos, o jovem foi enviado para Atenas para completar os seus estudos. Foi lá que conheceu seu mestre, Platão, tendo ingressado na Academia de Platão onde permaneceu por vinte anos.
Aristóteles foi encarregado da educação de Filipe da Macedônia quando o rapaz tinha 13 anos e ensinou, durante apenas dois anos, os principais fundamentos aquele que viria a se tornar Alexandre, O Grande.
Quando voltou à Atenas, no ano de 334 a.C., Aristóteles fundou um liceu no ginásio do templo de Apolo. A escola tornou-se um centro de referência na região.
A vida de Aristóteles foi dedicada à pesquisa, à educação e ao ensino.
Infelizmente boa parte do seu trabalho se perdeu ao longo do tempo, quase tudo o que sabemos nos dias de hoje chegou através das anotações dos seus discípulos.
Com a morte de Alexandre, o filósofo passou a temer pela própria vida, uma vez que vinha sendo perseguido por democratas atenienses que o acusavam de defender seu discípulo. Aristóteles se refugiou em Cálcis e veio a falecer no ano de 322 a.C.