15 melhores livros clássicos da literatura brasileira (comentados)

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura
Tempo de leitura: 10 min.

Quer ler os clássicos, mas não sabe por onde começar? Ou acha que está na hora de reler as grandes obras, mas não se lembra bem das que gostou mais para voltar a elas?

Pensando em te inspirar, preparamos uma lista com os grandes clássicos da literatura brasileira de todos os tempos. Desejamos a todos uma boa leitura!

1. Amar, verbo intransitivo, de Mário de Andrade

Amar, verbo intransitivo

O primeiro romance do escritor modernista pioneiro Mário de Andrade foi escrito entre 1923 e 1924, publicado em 1927.

O obra nos narra a história de Elza, também chamada de Fräulein, uma alemã na casa dos trinta anos que é contratada para iniciar um adolescente na arte do amor. A narrativa se passa no berço de uma família burguesa paulista que teme que o filho mais velho se apaixone perdidamente e perca a razão.

Para preparar o menino para a vida afetiva, o pai, Carlos, então contrata Fräulein que trabalha como professora de alemão, música e governanta.

A presença da mulher na família descortina uma série de questões sociais da época. A obra corajosa de Mário de Andrade levanta assuntos tabus e apresenta uma abordagem transgressora e inovadora.

Conheça uma análise aprofundada do Livro Amar, Verbo Intransitivo de Mário de Andrade.

2. O bem-amado, de Dias Gomes

O bem-amado

A obra de Dias Gomes que depois virou livro foi inicialmente escrita para o teatro em 1962. A história fez tanto sucesso que foi adaptada também para a televisão (novela e minissérie) e para o cinema.

Em O Bem-Amado, Dias Gomes tece uma dura crítica social da política brasileira através do protagonista Odorico Paraguaçu. O universo da cidade fictícia de Sucupira é uma metáfora para o Brasil.

Com muito humor, a história apresenta personagens desavergonhados, com uma ética altamente questionável, colocando luz sobre a questão da corrupção que assola o país desde sempre.

Descubra mais sobre o Livro O Bem-Amado, de Dias Gomes.

3. Incidente em Antares, de Érico Veríssimo

Incidente em Antares

Se você é daqueles que curte o realismo mágico, então não pode perder esse clássico da literatura brasileira que é o Incidente em Antares, uma das últimas publicações do escritor gaúcho Érico Veríssimo.

Corajosamente publicada no ápice da ditadura militar, a obra parte da premissa de uma greve geral que parou uma cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul. Com a paralisação, sete corpos não puderam ser enterrados e os falecidos levantaram dos respectivos caixões para passearem pela cidade causando uma série de transtornos.

A obra - que tem momentos de enorme comicidade - tece uma crítica certeira à política brasileira.

Aproveite para espreitar uma análise completa do Livro Incidente em Antares, de Érico Veríssimo.

4. Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus

Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus

Quarto de despejo foi o primeiro livro publicado por Carolina Maria de Jesus, em agosto de 1960. Carolina era mãe solteira, negra, favelada e com pouco acesso à educação formal.

A publicação reúne 20 diários escritos entre julho de 1955 e janeiro de 1960 na favela do Canindé, em São Paulo, e trata do dia a dia de Carolina tentando criar a família em meio a pobreza de um grande centro urbano.

O livro, que acaba por servir como uma severa denúncia social, foi de fundamental importância porque trouxe aos holofotes uma dura realidade até então velada.

Conheça mais sobre a obra Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus.

5. Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna

Auto da Compadecida

Escrita em 1955, encenada pela primeira vez no ano a seguir, Auto da Compadecida décadas mais tarde virou minissérie e filme provando que os clássicos nunca perdem a validade.

A publicação regionalista tem como cenário o sertão nordestino e narra as aventuras dos grandes amigos João Grilo e Chicó. O texto flui com muita facilidade graças ao emprego da oralidade.

A obra fala, permeada com muito humor, sobre a dura realidade no interior do nordeste e os artifícios criativos que os amigos arranjam para sobreviverem em meio a tanta pobreza.

Conheça o artigo dedicado exclusivamente ao Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

6. Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto

Morte e Vida Severina

O longo poema do escritor João Cabral de Melo Neto foi escrito entre 1944 e 1945.

A obra narra o percurso do retirante Severino, uma história como a de outros tantos, que precisa deixar o sertão rumo ao litoral para vencer a fome e, em última instância, a morte.

O caminho percorrido no poema é do interior miserável rumo à Recife. Os versos mostram também a realidade cotidiana vivida na capital em busca de novas oportunidades.

Que tal ler uma análise da obra Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto?

7. Alienista, de Machado de Assis

Alienista

Machado de Assis é o nome por trás de uma série de clássicos da literatura brasileira, e talvez O Alienista, publicado em 1882, seja uma das suas maiores obras.

A história, dividida em 13 capítulos, traz como protagonista o ilustre médico Dr.Simão Bacamarte. Formado no estrangeiro, ele retorna para o Brasil e se estabelece numa pequena cidade onde começa a diagnosticar uma série de pacientes com transtorno mental.

A obra, perspicaz, promove um debate sobre a fronteira entre a racionalidade e a loucura.

Quer saber mais sobre a obra? Então vá para o artigo sobre o Livro O Alienista, de Machado de Assis.

8. Felicidade clandestina, de Clarice Lispector

Felicidade clandestina

Clarice Lispector é, sem dúvida, dos maiores nomes da literatura brasileira, por isso qualquer lista de clássicos que não incluísse o nome dela seria criminosa.

Felicidade Clandestina foi um dos muitos títulos que poderia ter sido escolhido - Clarice é autora de obras memoráveis que não perderam a validade.

Publicado em 1971, Felicidade Clandestina é um livro de contos que reúne 25 pequenas histórias passadas no Recife e no Rio de Janeiro entre a década de 50 e 60. As narrativas são autobiográficas e abordam temas delicados como a solidão, a nostalgia e as crises existenciais.

Leia mais sobre a obra Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector.

9. Capitães de areia, de Jorge Amado

Capitaes de areia

Jorge Amado é autor de grandes clássicos da literatura brasileira e Capitães de areia é uma dessas obras poderosas. Publicado em 1937, a obra faz uma severa crítica social à realidade brasileira.

A história passada em Salvador tem como protagonistas um grupo de crianças abandonadas que se autodenomina Capitães de Areia. Vulneráveis, submetidos à fome e ao desamparo, eles acabam se tornando uma gangue violenta que pratica furtos na capital baiana.

Quer saber mais sobre essa história? Então vá para o artigo do Livro Capitães da Areia, de Jorge Amado.

10. Vidas secas, de Graciliano Ramos

Vidas secas

A obra Vidas Secas faz parte da segunda fase do modernismo e foi lançada em 1938.

Com uma linguagem seca e precisa, o romance abriga uma severa crítica social ao abordar a realidade dura no sertão nordestino.

Acompanhamos as dificuldades de Fabiano e da sua família - a mulher Sinhá Vitória e os filhos não nomeados - que fogem da seca rumo a uma vida melhor.

Aproveite para ler também o artigo Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

11. Lucíola, de José de Alencar

Lucíola

Lucíola é uma das muitas obras clássicas escritas por José de Alencar. Lançado em 1862, o romance urbano tem como cenário o Rio de Janeiro e narra o amor proibido entre Paulo e a cortesã Lúcia.

Ingênuo, o jovem Paulo, recém-chegado de Olinda no Rio de Janeiro, se apaixona pela jovem Lúcia, sem saber da sua profissão. Nós, leitores, acabamos por ser testemunhas desse amor conturbado que desafia preconceitos.

Além de ser uma história muito bem contada, Lucíola é também uma fotografia de época trazendo a tona todos os estigmas sociais daquele século.

Saiba mais sobre a obra Lucíola, de José de Alencar.

12. O Quinze, de Rachel de Queiroz

O Quinze

Quantas vezes você já viu o primeiro livro de um autor se tornar um clássico? Pois é... esse evento raro aconteceu com O Quinze, obra de estreia de Rachel de Queiroz, publicado em 1930.

Passado em Fortaleza, a história - que carrrega características neorrealistas - tem como pano de fundo a seca histórica vivida pelo estado em 1915.

A protagonista, uma professora chamada Conceição, assiste de perto essa tragédia. O relato mistura o seu drama individual com o drama coletivo que testemunha.

Ficou curioso pela obra? Aproveite para espreitar um artigo completo sobre o Livro O Quinze, de Rachel de Queiroz.

13. Clara dos Anjos, de Lima Barreto

Clara dos Anjos

O romance social Clara dos Anjos toca em temas delicados como o racismo, o sexismo e os casamentos por conveniência.

A última obra escrita por Lima Barreto - publicada postumamente, em 1948 - se passa no Rio de Janeiro e narra a história de Clara, uma menina pobre e mulata criada no subúrbio.

Nascida em berço humilde, filha de um carteiro com uma dona de casa, a jovem se vê em apuros quando se apaixona porque precisa lutar contra o estigma social devido à sua origem e cor da pele.

Confira o artigo Clara dos Anjos, de Lima Barreto.

14. A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade

A rosa do povo

O único exemplar dessa lista em termos de poesia, A Rosa do Povo reúne 55 poemas clássicos de Drummond que foram escritos entre 1943 e 1945.

Por ter sido criado num momento delicado do mundo (durante a Segunda Guerra Mundial) assistimos um tom engajado e político em muitos desses versos.

Além de ser a sua obra mais extensa, encontramos na coletânea uma bela recolha de poemas que resume para o leitor o trabalho lírico daquele que é considerado dos maiores poetas brasileiros.

15. Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida

Memórias de um sargento de milícias

É fácil ficar agarrado pela história narrada em Memórias de um sargento de milícias. Escrito originalmente em formato de folhetim entre 1852 e 1853 (e publicado em formato de livro um ano mais tarde), a obra tem como protagonista Leonardo.

Ao longo das páginas conhecemos o percurso curioso desse capaz, que foi criado como uma criança bagunceira, acabou por virar um malandro e surpreendentemente se estabilizou depois de virar um sargento de milícias.

Saiba mais sobre o Livro Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antônio de Almeida.

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).