Moby Dick: resumo e análise do romance de Herman Melville

Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, fotógrafa e artista visual
Tempo de leitura: 7 min.

Moby Dick é um romance do escritor norte-americano Herman Melville, publicado em 1851. Considerado um clássico da literatura ocidental, é composto por 135 capítulos e aborda temas como o poder, a luta entre o bem e o mal, assim como entre a razão e a loucura.

Conta a história do navio baleeiro Pequod, comandado pelo capitão Ahab, determinado a se vingar de uma lendária baleia branca conhecida como Moby Dick.

Capa do livro Moby Dick.
Capa do livro Moby Dick

Resumo do livro Moby Dick

Ismael é um jovem de 20 anos em busca de aventuras que decide se aventurar em um navio baleeiro. Para isso, dirige-se à ilha de Nantucket, centro da caça às baleias em Massachusetts, Estados Unidos. No caminho, conhece Queequeg, um indígena neozelandês e arpoador (pescador que utiliza um arpão), com quem é obrigado a compartilhar uma cama.

O jovem Ismael passa por uma capela liderada pelo padre Mapple, um arpoador aposentado que agora é pregador. O religioso comenta o trecho bíblico de Jonas, o profeta que passou três dias no ventre de uma baleia. De volta à pousada, Ismael e o estranho Queequeg tornam-se amigos e, juntos, pegam uma escuna até Nantucket.

Uma vez lá, Ismael visita os navios Devil-Dam, Tit-bit e Pequod, e decide que embarcará no último, propriedade dos capitães Peleg e Bildag. Antes disso, um homem chamado Elias – talvez um profeta – o alerta sobre um perigo iminente.

O início da jornada

Na misteriosa ausência do capitão, o navio parte sob o comando dos oficiais de bordo. Além de Ismael e Queequeg, a tripulação conta também com outros 2 arpoadores.

Após alguns dias no mar, o capitão Ahab finalmente aparece no convés, surpreendendo os marinheiros com uma cicatriz no rosto e uma perna de madeira substituindo a perna esquerda. Os passeios noturnos do capitão revelam seu nervosismo e inquietação, perturbando a tripulação.

Uma recompensa para uma missão peculiar

O capitão Ahab reúne a tripulação no convés do navio e oferece dinheiro ao quem avistar uma baleia branca. Mas não é uma baleia qualquer. Trata-se de uma baleia conhecida como Moby Dick, marcada por sinais: a nadadeira quebrada e a boca retorcida.

Ahab confessa suas motivações em um discurso sentimental que contagia quase toda a tripulação. O lendário animal havia arrancado sua perna esquerda, deixando-o "manco" após uma luta exaustiva. Em busca de vingança, o capitão declara que sua missão agora é matá-lo.

Razão, loucura e paixão

Ahab convence quase todos, menos o primeiro oficial, Starbucks, que quer ganhar dinheiro suficiente para voltar para sua família. Starbucks percebe a paixão irracional e perigosa do capitão, obstinado em se vingar.

O capitão mantém seu propósito, reforçado pela animação que despertou na tripulação, não só graças ao seu carisma como líder, mas também pela recompensa oferecida.

Ceder para persuadir

Preocupado com a atitude de Starbucks e com possibilidade de um motim, o capitão Ahab permite que a tripulação aviste e cace outras baleias. Quando o vigia avista um grupo de cachalotes por perto, descobre-se que Ahab, sem o conhecimento de ninguém, trouxe a bordo um grupo de baleeiros.

Mesmo com sua perna de pau, Ahab sobe em um bote — um gesto arriscado e valente que lhe rende a admiração da tripulação. Porém, circulam comentários sobre sua saúde mental e sobre a influência desses outros tripulantes.

Um oceano de aventuras

Os navegantes chegam a uma área onde acreditam ter avistado Moby Dick. Lançam os botes ao mar rapidamente, apenas para descobrir que se trata de um polvo gigante. Para Starbucks, isso é um mau presságio. Para Queequeg, é uma pista que os aproxima das baleias.

Muitas aventuras aguardam antes do grande momento. Entre elas, lutam contra tubarões e têm vários encontros com diferentes embarcações. Enquanto isso, as tensões entre Ahab e Starbucks aumentam.

O esperado encontro: Moby Dick

Obcecado, o capitão conduz o navio para águas turbulentas, onde acontecerá o confronto final entre Moby Dick e o Pequod.

Os botes são lançados ao mar, iniciando uma luta de três dias. Ao final o capitão finca o arpão no dorso da baleia. Em um reflexo de dor, Moby Dick destrói a proa do navio, afundando-o. A corda do arpão se enrola na perna de Ahab, que é arrastado pela baleia. Apenas um membro da tripulação sobrevive para contar a história: Ismael.

Ilustração para Moby Dick.

Personagens principais

Personagem Descrição
Ismael É o narrador da história. Trata-se de um jovem que decidiu se aventurar no mundo da caça às baleias. Logo, percebe a dureza dessa profissão.
Capitão Ahab É o capitão do navio baleeiro Pequod. Seu objetivo é matar o cachalote Moby Dick, a quem culpa por ter perdido a perna.
Queequeg Arpoeiro originário de uma tribo canibal fictícia. Torna-se o melhor amigo de Ismael.
Starbucks Primeiro oficial do navio baleeiro Pequod. Sua principal motivação é ganhar dinheiro suficiente para voltar para casa. É o único que questiona as motivações do capitão Ahab.
Stubb Segundo oficial a bordo do Pequod. Não é um homem educado, mas se destaca por sua compreensão da vida.
Flask Terceiro oficial a bordo do Pequod.
Moby Dick Baleia branca assassina, personagem em torno do qual gira toda a história. Durante uma travessia, o capitão Ahab e Moby Dick travam uma luta na qual Ahab perde uma perna.

Análise de Moby Dick

Moby Dick é narrado em primeira pessoa por Ismael. O autor baseou-se em sua experiência e no caso do navio baleeiro Essex, de Nantucket, atingido por uma baleia por volta de 1820. Melville não apenas se apoiou em pesquisas literárias, mas trabalhou em sua juventude em navios baleeiros, oferecendo, assim, um relato detalhado.

O mar representa os limites ultrapassados e um espaço de aventuras. Na tripulação, quase todos são caçadores ou aventureiros que aceitam se submeter a um capitão que não conhecem. A obra está repleta de referências bíblicas. Não apenas a alusão a Jonas, o profeta que foi engolido por uma baleia.

O capitão Ahab não segue crenças religiosas, mas possui uma obsessão e, ao mesmo tempo, é prisioneiro dela: Moby Dick. O ressentimento de Ahab contra o animal torna-se o único sentido de sua vida. Por isso insistimos que a relação do capitão com Moby Dick é simbólica e idolátrica, assim como é a obediência de sua tripulação.

O que Melville representa em Ahab é talvez uma das expressões literárias mais claras do líder carismático e da construção de uma ordem autoritária. Ahab consegue cativar a maioria de sua tripulação com um discurso inflamado e sentimental. Ao mesmo tempo, o líder carismático introduz um elemento importante para os baleeiros: a fortuna.

Sobre a baleia Moby Dick

Como criatura da natureza, Moby Dick é representação do indomável e do selvagem. Para o homem ocidental, é a "besta" a ser dominada. Além disso, também carrega referências bíblicas. Em várias ocasiões, Melville a compara com o Leviatã, uma criatura mítica do Antigo Testamento que representa o caos.

Acima de tudo, para o capitão, Moby Dick ela é a encarnação do mal, do qual ele se sente vítima e algoz. Starbucks é o único que parece consciente do absurdo da empreitada.

A relação entre o bem e o mal fica invertida. O mal já não reside na besta, mas na pessoa, alienada da realidade, arrebatada do senso comum. O mal reside na soberba e na ambição humanas, quando o homem ultrapassa seus limites e se atreve a ser deus. Por isso, seu destino é a morte.

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Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.