Música Era uma vez, de Kell Smith
"Era uma vez" é a música de maior sucesso da cantora e compositora brasileira Kell Smith.
Criada pela própria artista, a música que estourou é a terceira faixa do álbum Girassol e já conta com mais de 150 milhões de visualizações no YouTube e 32 milhões de execuções no Spotify.
Em termos de rádio, chegou a alcançar o 1º lugar em São Paulo, o 2º lugar no Rio de Janeiro e alcançou o top 40 em todo o Brasil.
Letra
Era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto das nuvens serem feitas de algodão
Dava pra ser herói no mesmo dia em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche
Um banho quente e talvez um arranhão
Era uma vez, era uma vez, era uma vez, era uma vez
O dia em que todo dia era bomEra uma vez
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partidoÉ que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partidoDá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou normal
É só não permitir que a maldade do mundo te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real
E entender que ela mora no caminho e não no finalDava pra ver, a ingenuidade, a inocência cantando no tom
Milhões de mundos, e universos tão reais quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho
E o remédio era beijo e proteção
Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupaçãoEra uma vez, era uma vez, era uma vez, era uma vez
O dia em que todo dia era bomEra uma vez
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partidoÉ que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partidoEra uma vez (era uma vez)
A canção foi criada pela própria Kell Smith, que queria tocar no tema da saudade da infância, experiência já sentida pelos adultos pelo menos uma vez na vida.
"Era uma vez", a frase escolhida para título e refrão, retoma as histórias dos contos de fadas narrados para as crianças antes delas irem para a cama. É uma oração que funciona como uma cápsula do tempo e imediatamente nos transporta para um passado longínquo.
O refrão, repetido com voz doce e suave, faz brotar dentro de nós as memórias distantes e a contação das primeiras histórias, geralmente envolvidas com o cheiro, o afeto e a atenção dos pais e dos irmãos.
Kell narra com profundo carinho um passado que, a princípio, parece perdido, mas que, na verdade, encontra-se congelado dentro da memória.
Basicamente um tempo distante em que não havia problemas e tudo era magicamente solucionado pelos adultos sem que as crianças se dessem conta:
"O dia em que todo dia era bom"
Um período único e singular da vida, que reunia os amigos em torno da mesa, a volta do lanche, na partilha das refeições e das brincadeiras.
A letra nos lembra que a infância é um momento da nossa história marcado por uma profunda liberdade. Os jogos iam se alternando, por vezes se repetiam, e não havia qualquer tipo de censura:
"dava pra ser herói no mesmo dia em que escolhia ser vilão"
O único risco, naquela altura, era voltar para casa após uma longa tarde de diversão com um joelho ralado ou um arranhão, fruto das brincadeiras. De resto, todo o cotidiano era permeado por acolhimento e pela alegria.
A letra parte da infância, do calor proporcionado pelo banho quente e pelos afetos constantes e contínuos, e acompanha o amadurecimento do sujeito. A ingenuidade e a inocência vão, aos poucos, ficando para trás com o passar dos anos e dão lugas as angústias do crescimento.
Chega então a adolescência, quando se descobre a atração por outras pessoas e, consequentemente, a rejeição.
Kell compara na canção a dor física, que até então era a única conhecida - o arranhão e o joelho ralado - com a dor interior e conclui que
"um joelho ralado dói bem menos que um coração partido"
Se na infância o colo, o carinho, o beijo e a proteção da família eram suficientes para curar a ferida causada pela brincadeira, quando adulto o sujeito percebe que ninguém é propriamente capaz de o resguardar.
Mesmo quando o machucado feito no tempo passado com os amigos doía, no dia seguinte já estava melhor. A dor provocada pelo coração partido, ao contrário, demora para sarar, e ninguém é capaz de resolver. Daí surge a vontade de retornar a um tempo onde esse tipo de questão sequer existia:
"quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido"
Como voltar no tempo é uma premissa impossível, a letra ocupa esse lugar de oásis da recordação e repete, como um mantra, o desejo de voltar para trás.
Bastidores da criação
"Era uma vez" foi composta parte em casa e parte no trânsito.
A intenção era ser uma canção despretensiosa, baseada na simplicidade de conversas casuais que a compositora havia tido com os amigos pouco tempo antes.
Perguntei aos meus amigos do que eles sentiam falta. E todos falaram sobre a infância. Depois, quando mostrei a música à minha banda, todos ficaram emocionados. Foi bem especial.
Depois de criar a composição, Kell mostrou o resultado ao seu produtor Rick Bonadio, que deu os ajustes finais. Rick, que já tinha bastante experiência na área pois havia trabalhado com os Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr., Nx Zero, Rouge, imediatamente percebeu que estava diante de uma preciosidade e logo levou a gravação a frente.
Clipe oficial
O clipe oficial de "Era uma vez" foi dirigido por Mess Santos e produzido por Rick Bonadio, Fernando Prado e Renato Patriarca.
As gravações foram realizadas em Salesópolis, especificadamente no Senzala, ponto turístico do município de São Paulo e retomam todo o universo ingênuo e pueril da infância. Por ser uma cidade do interior, as crianças ainda se divertem na rua e brincam sem qualquer preocupação.
Respeita as mina
Outro grande sucesso de Kell Smith é a música "Respeita as mina", uma criação que fala sobre o assédio sofrido pelas mulheres. O clipe reuniu famosas como Luiza Brunet, Astrid Fontenelle, Fabi Bang e Luiza Possi.
Álbum Girassol
Lançado no dia 26 de abril de 2018, o disco Girassol é o álbum de estreia de Kell Smith e reúne catorze faixas autorais (entre as quais cinco inéditas).
1. Girassol
2. Ai de Mim
3. Era Uma Vez
4. Diferentão
5. Maktub
6. Meu Lugar
7. Capuccino
8. Viajar É Preciso
9. Respeita As Mina
10. Nossa Conversa
11. Respira Amor
12. Marcianos
13. Sete Galáxias
14. Coloridos
Quem é Kell Smith
No dia 7 de abril de 1993, nascia em São Paulo Keylla Cristina dos Santos, filha de pastores evangélicos. A infância da criança foi marcada por muitas idas e vindas, como os pais eram missionários, Keylla viveu em muitas cidades diferentes.
A menina, que viria a se tornar a cantora Kell Smith, ouvia muita música gospel até que um dia recebeu de presente do pai uma vitrola, que havia sido encontrada no lixo, com o vinil Falso Brilhante, de Elis Regina. Pronto, foi paixão imediata.
O nome artístico escolhido é uma junção do apelido que a mãe lhe dava (Kell) com o sobrenome (Smith) inventado para cantar em bares.
Kell começou a cantar na noite em Presidente Prudente, interior paulista. Esse período durou aproximadamente um ano. Depois de algum tempo decidiu escrever suas próprias composições:
O meu pai também teve culpa nesse lado compositor. Uma vez, ele me disse que eu tinha que ser útil. Fiquei p da vida. Mas ele acabou despertando a vontade de falar sobre coisas que importem. Para mim, música é a forma mais delicada de cura.
A carreira mudou quando Kell assinou um contrato com a gravadora Midas Music. A partir daí seu trabalho passou a ganhar muito mais visibilidade.
Na vida pessoal, Kell é mãe de Alice, uma menininha que teve com o melhor amigo, ainda nos tempos da faculdade. A escolha de ser mãe cedo foi consciente, diz ela: "Meu sonho sempre foi ser mãe e ainda jovem. Só que eu não queria casar, ter um marido. Então, um dia, do nada, propus a esse amigo, com quem eu morava numa república: 'Quer ter um filho comigo?'. Ele topou." Atualmente a criança tem quatro anos e vive no interior de São Paulo, com os avós maternos.