Naturalismo: principais obras e artistas do movimento
O Naturalismo foi uma corrente artística e literária que provocou o choque mas também conquistou a atenção do público.
O movimento colocava em evidência temáticas e personagens marginalizadas que costumavam ser deixadas de fora da arte. Com o intuito de analisar a sociedade, expunha vários assuntos que ainda eram tabus.
Quer conhecer mais sobre o Naturalismo, suas características e principais artistas? Acompanhe a nossa análise!
Pinturas do Naturalismo
Na pintura, assim como na literatura, os naturalistas queriam contrariar tendências românticas, como o idealismo e a subjetividade. O foco passava a estar nas classes mais baixas, com retratos dos seus cotidianos, muitas vezes em meios rurais.
O termo "naturalista" era usado desde o século XVII para descrever obras apresentavam uma visão realista do que retratavam. No século XIX, no entanto, o Naturalismo se manifestou enquanto movimento nas artes plásticas.
Os quadros se caracterizavam, sobretudo, por conterem imagens realistas que aconteciam em cenários ligados à natureza.
Essas características começaram a surgir principalmente na França, com artistas como Jules Bastien-Lepage (1848 — 1884), um maiores dos impulsionadores do movimento.
A pintura naturalista também estava despontando em outras partes do mundo, como a Inglaterra e os Estados Unidos da América.
Entre os pintores norte-americanos, William Bliss Baker (1859 — 1886) chamou a atenção com suas paisagens naturais, antes de morrer prematuramente, aos 26 anos.
Em Inglaterra, a artista botânica Marianne North (1830 — 1890) marcou o Naturalismo, retratando nas suas telas a fauna e a flora de vários países.
A pintora viajou pelo globo, passando por locais como o Brasil, o Canadá, os Estados Unidos, a Jamaica, o Japão e a Índia, pintando suas flores e frutos.
Outros artistas do Naturalismo:
- John James Audubon (França, 1785 — 1851)
- Edward Lear (Inglaterra, 1812 — 1888)
- August Friedrich Schenck (Alemanha, 1828 — 1901)
- Marie Bashkirtseff (Ucrânia, 1858 — 1884)
Naturalismo na literatura
O começo, na França, com Émile Zola
O escritor francês Émile Zola (1840 — 1902) foi o maior nome e principal impulsionador da literatura naturalista. Em 1867, publicou a obra O romance experimental , encarada como um manifesto do movimento.
O Naturalismo favoreceu a ficção, sob a forma do romance naturalista, que se propunha a estudar e expôr a sociedade naquilo que ela tinha de mais primário ou até animalesco.
Nestas obras, o ser humano se torna o objeto de estudo, a partir de um olhar focado na sua fisiologia, nas suas compulsões e patologias.
Também conhecidos como romances de tese, pretendiam fazer uma análise científica através da literatura, tentando provar ou validar uma teoria filosófica ou social.
Publicada em 1880, Nana é uma das maiores obras de Zola, sendo também considerada uma das obras-primas da literatura naturalista. O livro segue a protagonista com o mesmo nome, uma jovem atriz que nasceu em uma família pobre, filha de um homem alcoólatra.
Bonita e sensual, Nana acaba usando os seus atributos físicos para sobreviver e se torna uma prostituta de luxo. A mulher consegue subir na vida e enriquece, passando a pertencer à "alta roda" da sociedade francesa.
O romance, assim como outros do seu tempo, é marcado pelo erotismo e pelos discursos sobre a sexualidade, sobretudo aquela que era considerada imoral ou fora dos padrões. Nos papéis de protagonismo estavam aqueles que eram rejeitados socialmente.
Émile Zola também escreveu Germinal (1881), uma obra que retratava a vida dos mineiros de carvão. Para fazer uma descrição mais próxima da realidade, o autor chegou a viver entre os homens que desempenhavam a profissão.
Em Portugal: o naturalismo de Eça de Queirós
Na língua portuguesa, um dos nomes mais importantes neste contexto é o de Eça de Queirós, que marcou profundamente o panorama literário do seu país com obras pertencentes ao Naturalismo-Realismo.
O Primo Basílio (1878) criticava a burguesia do século XIX, apontando os seus vícios e segredos. Luísa, a protagonista, é uma mulher casada que comete adultério quando conhece o seu primo, Basílio, por quem se apaixona perdidamente.
Já em O Crime do Padre Amaro (1875), o alvo da denúncia de Eça é o clero e a sua hipocrisia, exemplificada pelo modo como quebrava seus votos.
Características do Naturalismo na literatura
- Utiliza uma linguagem simples, bastante próxima daquela usada no cotidiano;
- Tem uma forte componente de denúncia e crítica social, fazendo um retrato do seu tempo;
- Analisa o comportamento humano através de um olhar objetivo e impessoal;
- O narrador é onisciente e não se envolve nos acontecimentos, funcionando como um mero observador da situação;
- Aborta temas considerados chocantes, principalmente ligados à sexualidade e à saúde mental;
- Retrata os seres humanos como animalescos, criaturas governadas pelos seus impulsos e desejos primitivos;
- Toma a ciência como prioridade, assumindo uma postura positivista;
- As obras defendem uma teoria, que o narrador tenta provar, observando os sujeitos como um cientista fazendo uma experiência ou investigação;
- O narrador é engajado e tenta, ativamente, convencer os leitores acerca da sua tese;
- É amplamente marcado pelo Determinismo, defendendo que cada indivíduo seria o produto direto do meio onde estava;
- É também caracterizado pelo fatalismo, com narrativas que acabam de forma trágica, principalmente para os personagens que vêm de meios mais desfavorecidos (como se estivessem destinados à ruína);
- Relata a luta do ser humano contra as forças da Natureza;
- Influenciado por Darwin e o evolucionismo, pretende demonstrar que apenas os mais aptos prosperam;
- Retrata grupos marginalizados e ambientes coletivos;
- Valoriza aspectos estéticos como as descrições extremamente pormenorizadas que permitem ao leitor imaginar com alguma exatidão;
Naturalismo no Brasil
No Brasil, o Naturalismo surgiu no final do século XIX, influenciado por autores europeus como Émile Zola e Eça de Queirós. No território nacional, o maior representante do estilo foi o maranhense Aluísio Azevedo, com obras incontornáveis como O Mulato (1881) e O Cortiço (1890).
Os livros, seguindo a lógica naturalista, não se limitavam a distrair os leitores, tal como acontecia, por exemplo, com a literatura do Romantismo. Aqui, a preocupação era narrar e analisar a realidade do país, encarando as obras literárias enquanto instrumentos de denúncia.
Importa, assim, lembrar que aquela foi uma época de agitações sociais e políticas que antecederam enormes mudanças, como a abolição da escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889).
Em O Mulato, Azevedo conta a história de Raimundo, um homem que é filho de um escravo mas rejeita a sua negritude, dando conta dos preconceitos raciais que se faziam sentir naquela sociedade.
Já na obra O Cortiço, o autor se foca na vida de uma habitação comunitária, o cortiço São Romão, seguindo os destinos dos seus moradores. Os personagens pertencem às classes mais pobres da sociedade e também às mais marginalizadas.
A narrativa é marcada por um forte determinismo: retratando o que considerava serem fraquezas e vícios daqueles indivíduos, defende que todos foram corrompidos pelo meio onde vivem e cairão forçosamente em ruína.
Apesar da importância de Aluísio Azevedo, outros nomes se destacam no naturalismo brasileiro, como Adolfo Caminha, Inglês de Souza, Horácio de Carvalho, Emília Bandeira de Melo e Raul Pompeia.
O que foi o Naturalismo?
O Naturalismo foi um movimento literário e artístico que surgiu na Europa, durante a metade do século XIX. Podemos entendê-lo como uma ramificação ou continuação do Realismo que extrapola algumas das suas características e paradigmas.
Fortemente ligado ao pensamento científico da época e influenciado por Darwin, o Naturalismo procurava estudar o indivíduo enquanto produto da sua hereditariedade (herança genética) e também do meio onde cresceu.
O movimento se manifestou através de várias expressões artísticas como a literatura, a pintura e o teatro. Na literatura, se tornou um instrumento de denúncia e crítica social. Na pintura, trouxe quadros realistas passados em cenários naturais.
No teatro, também instaurou grandes mudanças como o surgimento do diretor, da sonoplastia, dos figurinistas, entre outros elementos.
Uma das maiores inovações dos naturalistas foi o modo como colocaram o foco da arte e da literatura nas classes mais desfavorecidas e também nos grupos sociais mais estigmatizados, algo que não acontecia até aí.
Contexto histórico do Naturalismo
Sendo uma radicalização ou continuação do Realismo, o Naturalismo surgiu em um contexto similar.
Em 1859, o biólogo inglês Charles Darwin (1809 – 1882) lançou uma obra que viria influenciar amplamente as perspectivas da época: A Origem das Espécies.
A sua teoria, conhecida como teoria evolucionista, explicava a diversidade e a evolução das espécies através de critérios de seleção natural.
A valorização da ciência e a ideia de que apenas os melhores e mais fortes sobreviveriam, conduziu a uma visão determinista e positivista do mundo.
Por outro lado, o movimento artístico também estava sendo influenciado pelo pensamento socialista, que ganhava força com a luta pelos direitos dos trabalhadores depois da Revolução Industrial.
As obras do Naturalismo mostravam o cotidiano dos pobres, que viviam em condições difíceis, e eram explorados pelos seus patrões.
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