Neoclassicismo

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura
Tempo de leitura: 6 min.

O Neoclassicismo aconteceu entre 1750 até 1850 e ficou marcado por uma retomada de elementos da cultura greco-romana.

Os grandes nomes desse período foram os pintores franceses Jean Auguste Dominique Ingres e Jacques Louis David e o escultor italiano Antonio Canova.

No Brasil devemos destacar o trabalho dos pintores Jean-Baptiste Debret e Nicolas-Antoine Taunay, além das obras de autoria do arquiteto Grandjean de Montigny.

A arte neoclássica

Conhecida também como um novo classicismo, a arte neoclássica ficou marcada pela retomada dos valores da cultura greco-romana.

O movimento artístico que se seguiu a revolução francesa veio depois do rococó, se voltou contra a estética barroca, ambas com muita ornamentação, considerada fútil, irregular e excessiva. A arte neoclássica valorizava sobretudo o formal. Essa geração lia a arte com a função de levar o ânimo dos seus contemporâneos.

O Neoclassicismo foi um período marcado pelos ideais iluministas, que valorizavam o racional e diminuíam a importância das crenças religiosas. Vemos durante esse período as representações religiosas perdendo valor e os pintores interessados em registrarem eventos históricos ou retratos.

A banhista de Valpinçon
Quadro A banhista de Valpinçon, de Jean Auguste Dominique

Contexto histórico: o período neoclássico

Embora estudiosos apontem datas distintas, pode-se afirmar que o Neoclassicismo aconteceu aproximadamente entre 1750 até 1850.

Tratou-se de um período de profundas mudanças sociais em vários aspectos.

Entre o século XVIII e o XIX existiram mudanças no campo filosófico (ascensão do lIuminismo), do ponto de vista tecnológico (a Revolução Industrial), também mudanças significativas no âmbito político (a Revolução Francesa) e na esfera das artes (um cansaço da estética barroca).

A arquitetura neoclássica

Esse gênero de arquitetura ficou marcado pela retomada dos clássicos, do que se produziu na antiguidade, tendo como ideal de beleza o que fora criado em Roma e na Grécia. Não por acaso, na Europa começaram o período das grandes escavações, a arqueologia vivia dias de glória.

Observamos nas edificações neoclássicas a presença de colunas romanas, gregas, fachadas, abóbadas e cúpulas.

Um exemplo desse estilo pode ser observado no Portão de Brandemburgo, situado em Berlim:

portão de Brandemburgo
Portão de Brandemburgo, em Berlim

A arquitetura neoclássica ficou conhecida pela sua imponência, pelo seu exagero para demonstrar poderio econômico e social.

O maior nome desse período foi o do arquiteto francês Pierre-Alexandre Barthélémy Vignon (1763-1828), responsável por erguer a construção que serviu que ícone para os neoclássicos: a Igreja de Maria Madalena, situada em Paris.

Igreja de Maria Madalena
Igreja de Maria Madalena

A pintura neoclássica

Com cores mais equilibradas, discretas e sem grandes contrastes, a pintura neoclássica, assim como a arquitetura, também exaltou os valores greco-romanos exaltados, demonstrando especial inspiração nas esculturas da antiguidade.

Observamos nessas obras a presença de personagens com uma beleza idealizada. Outra característica interessante é que não há nesses quadros marcas da pincelada.

O juramento dos Horácios
Quadro O juramento dos Horácios, de Jacques Louis David

Os trabalhos desse período apostaram em imagens realistas, contornos precisos feitos com objetividade e rigor.

Os artistas se preocupavam com a proporção áurea, exibiam ilustrações feitas a partir de cálculos precisos e apresentavam rigidez no método.

A importância da harmonia notava-se especialmente nos muitos retratos feitos.

Os grandes nomes dessa geração foram os dos pintores Jacques Louis David e Jean Auguste Dominique Ingres.

As obras clássicas de Jacques Loius David - que foi maior pior neoclássico francês, o ilustrador oficial de Napoleão Bonaparte e da corte durante a Revolução Francesa -, são o quadro Marat assassinado, A morte de Sócrates e O juramento dos Horácios.

Marat assassinado
Quadro Marat assassinado

O segundo grande nome foi o do também francês Jean Auguste Dominique, que foi aluno de David e pintou obras clássicas que se tornaram grandes obras da pintura ocidental como os quadros A banhista de Valpinçon e Júpiter e Tétis.

Júpiter e Tétis
Quadro Júpiter e Tétis, Jean Auguste Dominique

A escultura neoclássica

Feitas principalmente com mármore e bronze, a escultura neoclássica foi criada a partir de temas relacionados com a mitologia grega e romana.

Os trabalhos se voltaram principalmente para a representação dos grandes heróis, dos personagens importantes e dos ilustres homens públicos.

Assim como na pintura, havia uma preocupação constante com a busca de uma harmonia.

Se os franceses foram referência em termos de telas, a Itália despontou como ícone em termos de escultura.

Não por acaso, o principal nome desse período foi o do escultor italiano Antonio Canova (1757-1821). As suas principais obras foram Psique reanimada (1793), Perseus (1797) e Vênus vencedora (1808).

Antonio Canova
Estátua Perseus, de Antonio Canova

Em Perseus (1797) vemos o importante personagem da mitologia com a cabeça de Medusa na mão. A peça foi inspirada na obra Apolo Belvedere, uma criação romana do século II a.C que pode ser encontrada no museu do Vaticano.

Neoclassicismo Brasil

O Neoclassicismo não teve grande impacto no Brasil.

Esse período ficou marcado pela presença da missão artística francesa no nosso país. Com a mudança da corte em 1808 de Portugal para o Rio de Janeiro, foi organizada uma força tarefa para impulsionar as artes na então colônia.

Foi desse modo que um conjunto de artistas franceses vieram para o Rio de Janeiro com o intuito de fundar e dirigir a Escola de Artes e Ofícios.

Os grandes nomes dessa geração foram os pintores Jean-Baptiste Debret e Nicolas-Antoine Taunay, que fizeram retratos importantes desse tempo.

Jean-Baptiste Debret
Quadro Loja de Sapateiro, de Jean-Baptiste Debret

Apesar de serem do mesmo estilo e terem trabalhado durante o mesmo período, Nicolas-Antoine Taunay seguiu uma linha diferente do seu contemporâneo e pintou sobretudo paisagens cariocas:

Nicolas-Antoine Taunay
Pintura do Rio de Janeiro de Nicolas-Antoine Taunay

Em termos de arquitetura não existem também muitas construções de referência dessa época. Podemos ressaltar três construções, todas situadas no Rio de Janeiro: a Casa França-Brasil, a PUC-Rio e fachada da Academia Imperial de Belas Artes.

O arquiteto mais importante desse período foi Grandjean de Montigny, um arquiteto francês que se tornou o primeiro professor de arquitetura no Brasil.

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).