Se você nunca viu essa obra-prima do cinema, aproveite enquanto está disponível na Netflix
Considerado o melhor filme de todos os tempos, O Poderoso Chefão (1972) é a obra-prima de Francis Ford Coppola que continua fascinando o público, décadas depois do seu lançamento.
Embora seja aclamado internacionalmente pela narrativa e impacto cultural, muita gente ainda não assistiu ao longa-metragem. Se você estava procurando uma oportunidade de ver (ou rever) esse clássico incontornável, aproveite enquanto ele está disponível no catálogo da Netflix.
Inaugurando a trilogia, a trama conta a história da família Corleone e sua organização criminosa nos Estados Unidos, associada à máfia siciliana.
Vito Corleone (Marlon Brando) é o patriarca e o chefe das operações, mas sua saúde começa a se deteriorar após um ataque dos inimigos. Assim, seu filho Michael (Al Pacino) é forçado a assumir as rédeas da situação e seguir os passos do pai.
Temas que atravessam as décadas
O cenário da máfia é um velho conhecido no mundo da ficção. Contudo, a adaptação do romance de Mario Puzo vai muito além das atividades criminosas do grupo, abordando temas universais que nunca perdem a relevância.
Antes de tudo, fala sobre família e lealdade. Aqui, os laços de sangue e de confiança movem os personagens, influenciando o modo como agem e as decisões que tomam.
O objetivo principal dos Corleone é proteger os seus, mantendo o poder e a influência, valores essenciais no mundo do crime organizado. Com isso, vamos conhecendo os códigos de honra da máfia, marcados pela sede de vingança contra aqueles que ameaçam seu império.
Apesar de toda a violência, vemos também amor familiar e companheirismo entre os bandidos. Deste modo, o espectador tem que lidar com uma série de dilemas morais e éticos: é difícil estabelecer uma linha clara entre o bem e o mal.
E ninguém sente mais esses questionamentos do que Michael, um antigo herói de guerra que estava distanciado das ações da máfia. Quando se vê forçado a conduzir os “negócios” da família, sua natureza começa a mudar.
Deste modo, a trama reflete também sobre a perda da inocência e os atos que somos capazes de cometer para garantir os interesses e a segurança daqueles que amamos.
Enorme legado cinematográfico e cultural
O Poderoso Chefão foi imediatamente aclamado pelo público e a crítica, vencendo inúmeras premiações, incluindo o Oscar nas categorias de Melhor Ator, Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.
No entanto, seu reconhecimento e popularidade sobreviveram à passagem do tempo. Um marco no cinema norte-americano (e mundial), influenciou diversas produções posteriores, principalmente aquelas que acontecem no universo do crime. Esta influência foi além do cinema, estendendo-se para outros campos como a literatura e as séries de ficção.
Uma de suas inovações narrativas que ecoou no panorama cultural é a complexidade dos personagens, que não se resumem a meros estereótipos. A abordagem, mais realista, mostra outras facetas de suas personalidades e as ligações que estabelecem entre si.
O filme tornou-se tão popular que até quem não assistiu consegue reconhecer algumas cenas, que acabaram entrando para o nosso imaginário coletivo. Por exemplo, o beijo na mão de Vito Corleone, a cena do cavalo na cama e a própria trilha sonora são referências bastante comuns na mídia.
Seu impacto visual foi ainda mais longe: as roupas clássicas e os cenários elegantes acabaram virando tendências de estilo na moda e no design de interiores.
Em suma, o filme não só estabeleceu uma qualidade nunca vista nas produções de gângster, mas marcou profundamente a indústria do entretenimento, permanecendo vivo e atual nos tempos que correm.
Curiosidades pouco conhecidas sobre o filme
Mesmo para os maiores fãs da franquia, existem alguns fatos curiosos que podem causar surpresa. Um deles é que Coppola não foi a primeira escolha para dirigir o filme. Competindo com outros grandes nomes do seu tempo, ele teve que batalhar pela produção.
Outra questão que nem todo mundo sabe é que várias cenas começaram como improvisos que acabaram sendo incluídos no filme. O diretor tinha o costume de reunir o elenco em torno de uma mesa, nas refeições, para tentar replicar a dinâmica de uma família. Nesses momentos, os atores tinham liberdade para criar e inserir elementos que não estavam no roteiro.
Por exemplo, o gato que Vito Corleone segura no colo, na abertura da trama, não estava previsto. O animal apareceu no set, perdido, e acabou virando uma estrela de cinema.
Finalmente, algo que não é muito falado é a reação das organizações criminosas. Por muito tempo, usaram de sua influência para tentar impedir o lançamento. Mesmo não tendo sucesso, conseguiram evitar algumas associações que seriam perigosas para elas: tanto que o termo "máfia" não é usado no filme.