10 principais obras de Wassily Kandinsky para conhecer a vida do pintor
Wassily Kandinsky (1866 — 1944) foi um pintor russo, apontado como um dos grandes artistas do século XX. Precursor no campo da arte abstrata, foi também teórico e professor da Bauhaus, a célebre escola alemã.
Conheça, abaixo, a biografia de Kandinsky resumida através das suas obras mais famosas:
1. O cavaleiro azul (1903)
Wassily Kandinsky nasceu no dia 4 de dezembro de 1866, em Moscou. Depois do divórcio dos pais, ainda durante a infância, ele foi viver com uma tia na cidade de Odessa, na Ucrânia. Alguns anos mais tarde, regressou à Rússia, onde estudou Direito e começou a trabalhar na Faculdade de Direito de Moscou.
Em 1896, aos 30 anos, Kandinsky casou com a sua prima, Anna Chimyakina. Foi nessa fase que assistiu a uma exposição de Claude Monet que o influenciou a se dedicar inteiramente à pintura. Na sequência, ele abandonou a sua carreira e começou a criar telas de inspiração pós-impressionista, passando a frequentar a Academia de Belas Artes de Munique.
No quadro O cavaleiro azul, parte da sua produção inicial, já podemos encontrar algumas características que ganhariam força na sua obra, por exemplo, o movimento e o uso de cores vivas. A tela também deu nome ao grupo de pintores expressionistas que o artista fundou, posteriormente, com Franz Marc.
2. Beleza Russa em uma Paisagem (1905)
No ano de 1902, o pintor conheceu aquela que viria a ser a sua segunda companheira: Gabriele Münter, uma de suas aulas. Os dois começaram a viver um relacionamento e, algum tempo depois, decidiram morar juntos.
Durante o período que concerne os anos de 1906 a 1908, ele viajou pela Europa, tendo feito uma exposição em Paris, e acabou se fixando com Gabriele na Baviera, Alemanha. Talvez por isso, as obras pintadas por Kandinsky, na época, retratavam várias paisagens e espaços urbanos.
Ele também encontrava inspiração no folclore e na arte tradicional do seu país. Isso se torna visível, por exemplo, na tela Beleza Russa em uma Paisagem, com a figura de uma noiva russa. Com pontos coloridos de vários tamanhos, o vestido na noiva parece se misturar com o cenário; no entanto, a mulher continua sendo o foco do quadro.
3. Primeira Aquarela Abstrata (1910)
Primeira Aquarela Abstrata foi um ponto de viragem, um "divisor de águas", não só na carreira de Kandinsky, mas também na própria História da Arte. Até a esse momento, o pintor estava criando telas com paisagens cada vez menos representativas.
Na sequência dos seus estudos sobre a criação artística, em 1910, surgiu Primeira Aquarela Abstrata, quadro que é apontado como sendo a pintura que inaugurou o abstracionismo na arte ocidental. Contudo, existem dúvidas acerca da sua data, já que alguns estudiosos afirmam que a obra é de 1913.
A partir deste ponto, o pintor russo se dedicou às telas atravessadas por linhas e cores, produzindo arte não figurativa, ou seja, aquela na qual não conseguimos reconhecer elementos da nossa realidade.
4. Composição VII (1913)
As obras abstratas de Kandinsky passaram a ser categorizadas como impressões, composições e improvisações. As primeiras e as últimas eram criações mais imediatas que se baseavam, respectivamente, nas paisagens que o autor via e naquilo que estava sentindo / imaginando.
Por outro lado, as composições eram produto de um trabalho árduo de reflexão acerca dos elementos integrados nas telas e o modo como interagiam entre si. Por exemplo, antes de pintar Composição VII em 3 dias, o artista realizou inúmeros estudos e esboços. O quadro transmite a impressão de movimento, com uma espécie de redemoinho ou furacão quase no centro.
Se afastando das imagens da realidade física, as suas telas procuravam a liberdade que existia na música, relacionando os sons e as cores. Kandinsky também trocou cartas com o compositor musical austríaco Arnold Schönberg, algo que influenciou o seu trabalho.
5. Fuga (1914)
Repleto de dinamismo, cores, linhas e formas curvas, Fuga foi um quadro produzido num momento importante da trajetória do artista e também do mundo. Em 1914, a Primeira Guerra Mundial estava começando a assolar a Europa e Kandinsky decidiu deixar a Alemanha.
Depois de passar alguns meses na Suíça, ele acabou se separando de Gabriele e regressando à Rússia. Lá, conheceu Nina Andreievskaya e casou novamente; da união nasceu um filho, Vsevolod, que morreu com apenas 3 anos.
Com a Revolução Russa de 1917, chegaram diversas transformações no panorama cultural do país e o pintor passou a trabalhar para o governo de Lenin, tendo sido um dos criadores do Instituto de Cultura Artística, em Moscou.
6. Composição VIII (1922)
Apesar da sua participação na vida política russa, as concepções e os preceitos artísticos de Kandinsky não se enquadravam na cultura soviética, que se tornava cada vez mais engajada. Assim, em 1921, o pintor decidiu voltar para a Alemanha.
No ano seguinte, começou a dar aulas de diversas matérias na escola de arte vanguardista Bauhaus. Nessa época, influenciada pela arte avant-garde, a sua produção foi extremamente rica e o seu trabalho se tornou cada vez mais célebre.
Composição VIII é uma obra constituída por formas geométricas entre as quais se destaca o círculo, símbolo da perfeição que viria a se tornar fundamental na pintura do artista.
Através de um jogo de contrastes, a composição dos elementos também pode sugerir uma paisagem, na qual os triângulos seriam montanhas e, no canto superior esquerdo, os círculos representariam o sol.
7. Amarelo-Vermelho-Azul (1925)
Em 1924, o pintor criou o grupo Die Blaue Vier, ou Os Quatro Azuis, com três artistas que eram seus contemporâneos, entre os quais se destacou Paul Klee. No ano seguinte, eles viajaram para os Estados Unidos da América, onde realizaram várias exposições e palestras.
As telas que o russo produziu nessa fase exprimiam movimento e liberdade, características próprias da Arte Moderna que vigorava na época. Em Amarelo-Vermelho-Azul, um de seus quadros mais famosos, ele se serve das cores primárias, associando determinados tons e figuras geométricas.
Também é interessante reparar que a pintura se divide em duas metades que sintetizam influências diferentes. O lado esquerdo é dominado por cores vivas e linhas retas, enquanto o esquerdo apresenta cores mais escuras e elementos abstratos.
8. Vários Círculos (1926)
Com Vários Círculos, o artista continuou empreendendo as suas obras geométricas, agora priorizando as linhas curvas e a figura do círculo, que já estava presente na sua pintura desde Composição VIII e aqui ganhou maior preponderância.
Os círculos de várias cores contrastam com o fundo escuro, e criam uma espécie de cosmos, simbolizando a busca da espiritualidade na pintura. Assim, a composição transmite as ideias de infinito, eternidade, e também as inúmeras possibilidades que existem na criação artística.
Enquanto prosperava na escola de artes e design fundada por Walter Gropius, Kandinsky conseguiu a nacionalidade alemã, no ano de 1928.
9. Composição X (1939)
Quando o nazismo começou a dominar a Alemanha, os artistas da Bauhaus viraram alvo de perseguição, tendo várias obras roubadas e até destruídas. Em 1933, a escola foi fechada e o pintor precisou abandonar o país.
No ano seguinte, ele realizou uma exposição na Galeria del Milione, em Milão, e se mudou para a França, o seu derradeiro destino, adotando a nacionalidade do país em 1939. A produção artística de Kandinsky, nesta época, se destacou pelas suas cores e texturas, voltando a retratar seres vivos (o chamado estilo biomórfico).
Composição X, a última das suas composições, é considerada uma das telas mais importantes e complexas do artista. Assim como na obra analisada acima, o fundo negro contrasta com as cores vivas e sugere uma imagem cósmica, tendo também ligação a temas relacionados com a espiritualidade.
Embora seja marcada por elementos abstratos, nesta obra conseguimos reconhecer algumas figuras do mundo real como a lua, um balão ou os livros que são representados.
10. Azul do céu (1940)
Durante o período que viveu na França, Kandinsky continuou pintando e passou a conviver com grandes artistas da época, como Kasimir Malevich e Piet Mondrian. Os três ficaram conhecidos como o "trio sagrado da abstração".
Em Azul do Céu, obra da sua fase final, são representadas várias figuras biomórficas (podem ser criaturas microscópicas ou pequenos animais), que terão sido inspiradas na tapeçaria francesa. O fundo azul transmite uma atmosfera de harmonia, sonho e até eternidade à obra.
Mesmo enfrentando uma situação financeira difícil, e perante o começo da Segunda Guerra Mundial, o pintor permaneceu no país até ao fim. No dia 13 de dezembro de 1944, o abstracionista morreu em Neuilly-sur-Seine, na França, onde veio a ser sepultado.
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