17 poemas curtos para crianças (comentados)
A poesia infantil é um ótimo recurso para trabalhar a imaginação e a leitura com as crianças.
Poemas curtos são textos simples que trazem ideias e reflexões sobre a vida, as amizades, a natureza e outros temas que podem ser usados tanto em sala de aula quanto em casa para estimular a criatividade e gosto pela leitura nos pequenos.
1. Poeminho do contra - Mario Quintana
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Nesse pequeno poema, o autor Mario Quintana consegue transmitir um recado com leveza e bom humor sobre a necessidade de seguir em frente apesar dos "inimigos".
Ele diz que que seus desafetos passarão, não terão mais importância, enquanto ele "passarinho", ou seja, ele viverá de maneira livre e despreocupada.
2. No mistério do sem-fim - Cecília Meireles
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta
Cecília Meireles constrói nesse curto poema uma relação entre o macro e o micro. Ela inicia o texto falando sobre o cosmos, o universo e todo o seu mistério.
Em seguida, coloca uma "lupa" nesse enorme planeta para nos fazer enxergar um simples jardim, e nele uma pequena borboleta. Assim, a escritora consegue com poucas palavras tratar de assuntos grandiosos e pequenos, e em última instância, da própria vida.
3. O girassol - Vinícius de Moraes
Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel.
Roda, roda, roda carrossel
Gira, gira, gira girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol.
O girassol e sua afinidade com o próprio sol são temas desse lindo poema infantil.
O autor Vinicius de Moraes nos presenteia com um texto simples que traz o girassol como um tipo de "brinquedo", uma roda gigante, um carrossel.
Isso porque sabe-se que a flor de girassol volta suas pétalas justamente para o sol, buscando a luminosidade e o calor do astro-rei.
4. Baile no sereno – Ruth Rocha
Cantador canta tristeza,
canta alegria também.
É de sua natureza
cantar o mal e o bem.
Pois ele tem dentro dele
o canto que o canto tem…
Por isso, se o mar secar,
se cobra comprar sapato,
se cachorro virar gato,
se o mudo puder falar,
Se a chuva chover pra cima,
se barata for grã-fina,
Quando o embaixador for em cima,
Cantador vai se calar.
Esse é um poema em homenagem aos cantores e cantoras - e de certa forma a todos os artistas. Ruth Rocha apresenta a atividade artística, no caso o canto, como uma necessidade para o cantador, como algo inerente e natural.
Assim, ela traz exemplos de situações absurdas como uma maneira de dizer que apenas se tais fatos acontecessem é que os cantores (e artistas) deixariam de externalizar suas dores e alegrias.
5. Bagunça - Leo Cunha
Bagunça rima com criança,
bagunça é prima da lambança,
bagunça dança, bailarina,
começa e nem sempre termina,
bagunça mansa,
essa menina,
descansa de pança pra cima.
A poesia para crianças normalmente usa o universo infantil como uma forma de aproximá-las do texto.
Aqui o autor usa termos relacionados às brincadeiras e faz um jogo interessante com as palavras, exibindo como personagem uma menina esperta e bagunceira.
6. Por enquanto sou pequeno - Pedro Bandeira
Por enquanto sou pequeno,
mas vou aprender a ler:
já sei ler palavra inteira,
leio pra cima, e pra baixo,
e plantando bananeira!
Por enquanto sou pequeno,
uma coisa vou dizer,
com certeza e alegria:
sei que nunca vou esquecer
da beleza da poesia!
Pedro Bandeira ficou conhecido como um escritor voltado para o público infanto-juvenil. Nesse poema, ele mostra uma criança pequena em seu processo de alfabetização.
A criança se orgulha de suas conquistas e declara o amor pelas palavras e pela poesia. O pequeno texto poético é um incentivo para que meninos e meninas continuem se desenvolvendo na desafiadora tarefa que é aprender a ler
7. O Elefantinho - Vinícius de Moraes
Onde vais, elefantinho
Correndo pelo caminho
Assim tão desconsolado?
Andas perdido, bichinho
Espetaste o pé no espinho
Que sentes, pobre coitado?
— Estou com um medo danado
Encontrei um passarinho
Esse singelo poema de Vinicius de Moraes é sobre o medo infantil. Mostrando um filhote de elefante como protagonista, o autor aborda o medo e a ingenuidade.
O elefantinho, apesar de ser grande e forte, tem pavor de passarinhos. A contradição surge no poema como um recurso divertido e bem-humorado.
8. Leilão de jardim - Cecília Meireles
Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é o meu leilão.)
Esse é um dos poemas mais famosos para crianças escrito por Cecília Meireles. A escritora exibe a natureza com simplicidade, mas apresenta os elementos de maneira fantasiosa e criativa.
Ela utiliza como recurso didático a repetição, a rima e a descrição, construindo um poema que estimula a imaginação e cativa crianças e adultos.
9. A Centopeia - de Marina Colasanti
Quem foi que primeiro
teve a ideia
de contar um por um
os pés da centopeia?
Se uma pata você arranca
será que a bichinha manca?
E responda antes que eu esqueça
se existe o bicho de cem pés
será que existe algum de cem cabeças?
Marina Colasanti brinca com a característica inusitada da centopeia de possuir muitas pernas, o que dá origem ao nome do inseto.
Ela reflete sobre o funcionamento das patas do bicho e estimula a imaginação das crianças ao perguntar se existiria um animal de cem cabeças.
10. Minha escola - de Jane Emirene
Quando eu vou pra minha escola
Tenho muito o que fazer
Pulo, brinco, faço arte
Mas também quero aprender
Meus amigos lá da sala
São pequenos como eu
Dão risadas, são alegres,
São bacanas...e os seus?
Esse é um poema curto sobre a escola e a socialização infantil. Ótimo para ser trabalhado em sala no início da aulas, o texto apresenta um personagem feliz com o ambiente escolar e com seus amigos.
Ele ainda pergunta ao interlocutor se seus colegas também são legais, trazendo ao leitor a reflexão sobre suas próprias amizades.
11. Todas as coisas, de Arnaldo Antunes
Todas as coisas
do mundo não
cabem numa
ideia. Mas tu-
do cabe numa
palavra, nesta
palavra tudo.
Nesse poema, Arnaldo Antunes aponta como são incontáveis as coisas que existem no mundo.
Ele nos lembra a diversidade do mundo e como não possível abordar todos os assuntos de uma só vez. Entretanto, apresenta a palavra "tudo" como uma solução, onde estão contidas todas as coisas.
12. Primavera - de Gerusa Rodrigues Pinto
Primavera, estação das flores
Enfeita os campos que ficam em festa
Onde borboletas multi cores
Parecem flores de muitas cores.
Os pássaros cantam alegremente
E o beija-flor de flor em flor
Anuncia a Primavera
Estação alegre de muito amor.
O texto apresenta uma homenagem às flores, borboletas e cores da primavera. A natureza é descrita de maneira fabulosa e nos faz ter vontade de aproveitar os dias de sol em meio às plantas.
Esse é um poema interessante para trabalhar com as crianças as estações do ano e valorizar a natureza.
13. Amarelinha, de Maria da Graça Rios
Maré mar
é maré
mare linha
sete casas a pincel.
Pulo paro
e lá vou
num pulinho
segurar mais um ponto
no céu.
Aqui vemos mais um pequeno poema que apresenta a brincadeira de criança de forma lírica e imaginativa.
A amarelinha é um jogo muito comum que incentiva a coordenação motora e também a criatividade. A autora transforma a brincadeira em algo ainda mais fantasioso, onde as crianças conseguem alcançar o céu.
14. Espantalho, de Almir Correia
Homem de palha
coração de capim
vai embora
aos pouquinhos
no bico dos passarinhos
e fim.
Em plantações, é comum que se coloque bonecos de palha - os espantalhos - a fim de afastar passarinhos que comem as frutas. No poema, o espantalho não afasta os passarinhos, mas é bicado por eles.
É interessante a imagem que o autor cria, dizendo que o homem de palha possui um coração. Isso nos lembra a história do Mágico de Oz, em que o espantalho é triste por não ter um cérebro e o homem de lata busca um coração.
15. A onda - Manuel Bandeira
A onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda
Manuel Bandeira sabiamente combina palavras muito parecidas para criar um poema trava-língua no qual a própria sonoridade se associa com o assunto.
Ao pronunciar tais palavras, o som lembra o movimento das marés, indo e vindo como as ondas.
16. O Eco - Cecília Meireles
O menino pergunta ao eco
Onde é que ele se esconde.
Mas o eco só responde: Onde? Onde?
O menino também lhe pede:
Eco, vem passear comigo!
Mas não sabe se o eco é amigo
ou inimigo.
Pois só lhe ouve dizer: Migo!
Mais uma vez Cecília Meireles apresenta um poeminha infantil onde trata da amizade usando a rima e a repetição de forma curiosa.
O eco é um efeito natural em que as ondas sonoras se chocam em um obstáculo e retornam, dando a impressão de ser uma resposta. Mas essa "resposta" do eco é apenas o final das palavras.
Assim, a escritora aproveita esse fenômeno para criar uma historinha em que o personagem busca a amizade com um ser invisível, e num sentido mais filosófico, consigo mesmo.
17. Gaivota - Lalau
Gaivota
Vive lá no céu.
Gaivota vai,
Gaivota volta,
Gaivota vai,
Gaivota volta,
E os ovos?
Quando é que
A gaivota
Bota?
As palavras quando combinadas com outras similares podem se tornar brincadeiras fascinantes!
Nesse poema o autor brinca com as palavras e seus significados, trazendo uma pergunta sobre as gaivotas e seus momentos de descanso, já que ela vive voando no céu.
Você também pode se interessar: