6 principais características da Pop Art
A pop art, também chamada de arte pop, é um movimento artístico surgido no Reino Unido e Estados Unidos nos anos 1950, atingindo seu auge na década de 60.
Foi um marco da passagem da modernidade para a pós-modernidade na cultura ocidental, sendo batizada por Lawrence Alloway, crítico de arte inglês, que criou o termo pop art em 1956.
1. A estética das massas
A arte pop foi uma vertente que buscava aproximar a arte do cotidiano das pessoas, utilizando a estética da cultura de massas como suporte principal.
Os contestadores artistas britânicos e norte-americanos procuravam trabalhar a partir de elementos que encontravam nos comportamentos e costumes, moldados pela crescente industrialização. A vida não deveria ser separada da arte, eles acreditavam.
Assim, os artistas da arte pop buscavam na cultura do dia-a-dia a inspiração para o processo criativo. Diversas obras feitas nesse contexto eram objetos produzidos em grande escala, imagens que imitavam fotografias de jornais e revistas, uso da técnica de serigrafia, fragmentos de histórias em quadrinhos, imagens de celebridades e publicidade.
2. Objetos comuns como arte
Pode-se dizer que esse período pulsante das artes foi marcado pela ascensão do uso de objetos comuns e cotidianos à categoria de objetos artísticos.
Produtos enlatados, garrafas de refrigerante e outros elementos “banais” estampavam grandes painéis, trazendo à tona a cultura massificada que permeava os anos 60.
Um par de meias não é menos adequado para um quadro do que óleo sobre tela.
Robert Rochenberg
3. Uso da imagem de celebridades
Assim como os artistas utilizavam a imagem de objetos do cotidiano, eles passaram a usar também imagens de celebridades em suas obras.
Dessa forma, fotografias de estrelas do cinema e da música eram reproduzidas em larga escala, geralmente usando a técnica industrial da serigrafia.
A intenção era criar um paralelo entre os objetos e as pessoas que eram muito “consumidas” pela população. No caso, esse consumo se dava através da televisão e do cinema.
Como exemplo, temos obras emblemáticas de Andy Warhol, em que ele reproduz a figura de Marilyn Monroe, Elvis Presley e Michael Jackson.
Assim, faz-se uma crítica à própria indústria cultural, que cria mitos contemporâneos e “ídolos”.
4. Oposição ao abstracionismo
O movimento que antecedeu a pop art foi o abstracionismo. Até que, em meados dos anos 50, jovens artistas como Jasper Johns e Robert Rauschenberg começaram a criticar o abismo entre a arte e a vida e a externalizar que não se identificavam com o estilo abstrato então em voga.
Eles acreditavam que a arte deveria estar mais próxima do cidadão comum, e não envolta em uma atmosfera incompreensível, como era o caso da arte abstrata.
5. Crítica social
De dentro da sociedade, os criadores da pop art criticavam a própria sociedade: o consumo excessivo, o comportamento capitalista sem limites, os hábitos cotidianos desenfreados norte-americanos.
Entretanto, eles se utilizavam justamente dos elementos que criticavam para criar sua arte, criando dessa forma uma produção que se opunha ao consumo, mas alimentava-se dele.
6. Cores vibrantes
As obras produzidas na altura passaram a ganhar contornos com muitas cores fortes, fluorescentes e algum brilho. Um exemplo clássico é A banana, consagrada por Andy Warhol e transformada em capa de disco da banda de rock The Velvet Underground.
Outro exemplo do valor que os adeptos da pop art davam ao brilho foi a criação da obra Mickey Mouse, também de Andy Warhol. Nela o artista optou por fazer um fundo com pó de diamantes para provocar um efeito de iluminação à peça.
Obras e artistas da pop art
1. Just what is it that makes today's homes so different, so appealing? (1956), de Richard Hamilton
Richard Hamilton foi desenhista de engenharia e trabalhou com desenho técnico durante anos. A determinado momento da carreira, no entanto, optou por colocar a sua habilidade a serviço de produções mais criativas.
A colagem de Richard Hamilton (que em português poderia ser traduzida como O que torna as casas de hoje tão diferentes, tão atraentes?) foi apresentada na Galeria de arte Whitechapel Gallery, em Londres. O trabalho fez parte da célebre exposição This is tomorrow.
O artista inglês Richard Hamilton fazia parte na época de um grupo chamado Independent Grup (IG), formado em 1952 na capital inglesa. Os críticos consideram a colagem como uma das primeiras obras realmente características da pop art.
Uma curiosidade: Richard Hamilton também assinou a capa do White Album, disco do The Beatles.
2. Campbells soup (1962), de Andy Warhol
Andy Warhol formou-se em design e trabalhou como ilustrador para revistas importantes como a Vogue, a Harper's Bazaar e o New Yorker. Também atuou como publicitário e sempre teve interesse em elementos da cultura de massa.
Warhol utilizou em muitas das suas obras a técnica da serigrafia para representar a produção em série fazendo uma crítica a impessoalidade do objeto massificado. No conjunto intitulado Campbell's Soup Cans encontramos uma reunião de 32 telas, cada uma pintada em homenagem as 32 variedades de sopas oferecidas pela empresa Campbell no mercado norte-americano.
3. Marilyn Diptych (1962), de Andy Warhol
Warhol era também cineasta e entusiasta do universo do cinema. Seu trabalho nas artes plásticas também procurou retratar ídolos populares norte-americanos a partir de uma nova perspectiva.
Seus trabalhos como artista plástico tiveram como personagens principais ícones e personalidades públicas como Marilyn Monroe, Michael Jackson, Elvis Presley, Marlon Brando e Eizabeth Taylor.
Warhol buscava reinventar as imagens consagradas fazendo uso especialmente da reprodução mecânica, da aplicação de cores fortes e brilhantes sobre retratos que já faziam parte do imaginário popular coletivo.
4. Kiss V (1964) de Roy Lichtenstein
Lichtenstein ficou bastante conhecido pela sua arte que procurava valorizar as histórias em quadrinhos. Seu trabalho também misturava anúncios, comerciais e recortes do dia a dia.
O artista norte-americano fez também profundo uso da técnica pontilhista. A sua célebre tela Kiss V é um dos exemplos da utilização dessa técnica.
5. Hey! Let's Go for a Ride (1961), de James Rosenquist
Rosenquist foi um dos maiores nomes da pop art de Nova Iorque. Ele iniciou a sua carreira trabalhando com o expressionismo abstrato, mas logo precisou enveredar para a criação de cartazes publicitários para poder subsistir.
O futuro artista, em um momento de reflexão, fez um paralelo entre as suas duas atividades:
Rosenquist privilegiava em suas obras colagens feitas a partir de referências muito distintas do cotidiano como ilustrações de comidas, peças de carros, anúncios, propagandas políticas.
6. Flag (1955), de Jasper Johns
O pintor norte-americano foi um dos pioneiros da pop art e desenvolveu o seu trabalho principalmente a partir de mapas, bandeiras, alvos e algarismos.
Acabou, por isso, ficando conhecido como um artista de certa forma nacionalista. Jasper foi um dos principais responsáveis pela levada da cultura norte-americana à Europa.
O criador fez uso da iconografia clássica, simples, e de símbolos que poderiam alcançar todas as pessoas, pois pertenciam ao imaginário coletivo. Com o decorrer do tempo, Johns passou a investir na utilização de objetos reais nas telas como latas, pincéis e escovas.
Uma curiosidade: Jasper Johns usava uma técnica para pintar que consistia em diluir a tinta em cera quente.
A pop art no Brasil
No Brasil vivíamos o período da ditadura militar (iniciada a partir do golpe de 1964). Rondava o medo da censura, por isso a produção artística tendeu a ser mais contida. Vale destacar, no entanto, a "Opinião 65", evento realizado no Museu de Arte Moderna que reuniu 17 artistas brasileiros e 13 estrangeiros.
Os maiores nomes da arte brasileira na altura foram: José Roberto Aguilar, Wesley Duke Lee, Luiz Paulo Baravelli, Claudio Tozzi, Carlos Farjado e Antonio Henrique Amaral.
A grande peça de destaque da época, por sua vez, foi o polêmico e pouco compreendido Parangolé, de Hélio Oiticica.
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