Arte renascentista: características, artistas e obras
A arte renascentista foi aquela que ocorreu durante o renascimento, período histórico na Europa entre os séculos XIV e XVII, que se deu após a Idade Média.
Trouxe como características um apelo à arte clássica greco-romana, a valorização da ciência, do ser humano e de um pensamento mais voltado para a racionalidade, em oposição ao pensamento religioso medieval.
Este apelo já havia sido feito antes durante a Idade Média, mas levou um tempo para ser considerado e a sua repercussão sentida. Estava nascendo pouco a pouco uma nova forma de pensar e de encarar o mundo e a arte.
Com o humanismo, o homem passa a estar no centro do universo, e o teocentrismo dá lugar ao antropocentrismo. Há um regresso às ideias e glórias da época Clássica (greco-romana), um renascer dos ideais e cânones clássicos.
Em resumo, ocorre um rinascità (renascimento) da Antiguidade Clássica, onde, segundo os entusiastas da Antiguidade, se alcançara o expoente da criação artística.
Pintura no renascimento
Masaccio
Os primeiros passos da pintura no Renascimento foram dados pelo jovem Masaccio (1401, San Giovanni Valdarno, Itália-1428, Roma, Itália). Em suas primeiras obras se percebe uma aproximação a Donatello e um distanciamento em relação a Giotto, mestre do Gótico e conterrâneo do jovem mestre. As roupas em sua telas são pintadas independentes do corpo, representadas como verdadeiro tecido. Da mesma forma, os cenários arquitetônicos são representados respeitando a perspectiva.
Masaccio desenvolveu as principais sementes da pintura renascentista que, ao contrário do Gótico que favorecia a representação imaginada das coisas, prefere a representação exata do real.
Andrea Mantegna
Depois de Masaccio, Andrea Mantegna (1431, República de Veneza-1506, Mântua, Itália) foi um dos pintores mais importante do período, sendo também este um gênio precoce.
Sandro Botticelli
Mas é com Sandro Botticelli (1445-1510, Florença, Itália) que a pintura começa a ganhar mais movimento e graciosidade. A representação dos corpos em suas telas é mais etérea, porém, bastante voluptuosa.
Botticelli foi o pintor favorito de Lourenço de Médici (grande mecenas da arte renascentista e governante da cidade de Florença), e é para ele que o artista realiza sua obra mais famosa, O Nascimento de Vênus (1483).
De uma forma geral, na pintura predomina a técnica da tinta a óleo, o que permitiu que as figuras se tornassem mais móveis. Também se tornou comum a pintura de retratos.
Leonardo da Vinci
Leonardo da Vinci (1452, Anchiano ou Vinci (?), Itália-1519, Château Du Clos Lucé, Amboise, França) é considerado o grande mestre do Renascimento. Foi aprendiz na oficina de Verrocchio e sua mente curiosa o levou a estudar áreas distintas como a escultura, a arquitetura ou a engenharia, porém foi a pintura que imortalizou o seu nome elevando-o à categoria de gênio.
Em suas obras a luz tem grande importância, com utilização do claro-escuro (chiaroscuro). Outra característica da sua pintura é o sfumato, que confere uma diluição dos contornos na paisagem através da utilização da luz. Também aperfeiçoou a perspectiva aérea, e as figuras representadas nas suas obras são predominantemente andróginas e enigmáticas.
Rafael Sanzio
Rafael Sanzio (1483, Urbino, Itália-1520, Roma, Itália) foi um artista contemporâneo de Michelangelo. A fama dos dois foi comparada na época, mas Rafael ficou em segundo plano no decorrer da história, como se a sua importância fosse menor que a de Michelangelo na época do Renascimento.
A sua vasta obra é um exemplo de fusão do que melhor se praticava no Renascimento, unindo a delicadeza e o lirismo de Da Vinci com o dramatismo e força de Michelangelo. Rafael foi também um excelente retratista.
Escultura no Renascimento
Com o Gótico a escultura arquitetônica quase desapareceu e a produção escultórica estava mais centrada em imagens de devoção e sepulcros, por exemplo. Mas com o Renascimento essa vertente volta a ter espaço no cenário artístico.
Donatello
Donatello (1386-1466, Florença, Itália) teve grande destaque na escultura renascentista. Sua obra San Marcos, uma escultura em mármore, apesar de ter sido feita para integrar uma catedral Gótica, não necessita do enquadramento arquitetônico para se destacar.
É com Donatello que as figuras escultóricas começam a perder a rigidez do Gótico, sendo estas já dotadas de flexibilidade e padrões de beleza e proporções próximas das da antiguidade Clássica.
A escultura renascentista vai reavivar também a sensualidade do corpo nu tão característica da época clássica, sendo que o primeiro grande exemplo disso é o Davi de Donatello. Esta é a primeira escultura independente, de tamanho natural e totalmente nua desde a Antiguidade.
Andrea Del Verrocchio
Outro grande escultor foi Andrea Del Verrocchio (1435, Florença, Itália-1488, Veneza, Itália), com esculturas como a estátua de Bartolomeo Colleoni. Verrocchio foi também pintor e mestre de Leonardo Da Vinci.
De uma forma geral, a escultura renascentista, recuperando a sua independência, ganha grandiosidade, volume e realismo. Há um ressurgimento do busto-retrato tão comum da Antiguidade impulsionado também pelo colecionismo que se tornara popular no Renascimento. Assim, os artistas vendo uma possibilidade de negócio produzem bustos, baixos-relevos e pequenos bronzes que facilitavam a mobilidade das peças.
Michelangelo
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (1475, Caprese Michelangelo, Itália-1564, Roma, Itália) foi pintor, escultor, poeta e arquiteto, e trouxe a ideia de gênio sob inspiração divina.
Michelangelo considerava a escultura como a mais nobre das artes. Se considerava um escultor em primeiro lugar. Com a sua obra tentou chegar ao divino e à perfeição absoluta.
O corpo humano era para Michelangelo uma expressão do divino e representá-lo sem roupas era a única forma de absorver toda sua divindade. Daí a sua obra estar recheada de corpos nus, pois ao contrário de Leonardo, cujas figuras parecem imbuídas de uma feminilidade latente, em Michelangelo o pendor é para o masculino.
Michelangelo é o artista que mais se aproxima dos clássicos da Antiguidade, muito pelo foco que colocou na imagem humana ao longo da sua obra. E o seu Davi, a primeira escultura monumental desta fase, é o melhor exemplo de todas as qualidades e características da arte de Michelangelo.
Arquitetura
De uma forma geral a arquitetura do Renascimento é caraterizada por uma retomada ao clássico. As ordens arquitetônicas (dórica, jônica, coríntia, toscana e compósita) retornam, assim como o arco de volta-perfeita.
Há um rigor matemático na arquitetura e uma separação definitiva da arquitetura, escultura e pintura, pois a grandiosidade da nova arquitetura não permitia à escultura ou à pintura qualquer destaque, brilhando ela própria sozinha.
Filippo Brunelleschi
A arquitetura renascentista deve o seu arranque a Filippo Brunelleschi (1377-1446, Florença, Itália) que apesar de ter começado a carreira como escultor, se destaca como arquiteto.
Por volta de 1417-19, Brunelleschi compete pela construção de uma cúpula com Lorenzo Ghiberti (1381-1455, escultor italiano), de quem perdeu uns anos antes o concurso para as portas do Baptistério.
Devido à grandiosidade do edifício, até então todas as soluções para a construção da cúpula haviam falhado. Mas Brunelleschi consegue apresentar uma solução viável e dessa forma construir aquela que é considerada a primeira grande obra da renascença italiana.
A solução de Brunelleschi para a cúpula foi não só revolucionária, como uma admirável vitória da engenharia. Foram feitos dois grandes cascos separados ligados e inseridos um dentro do outro, de forma a que um reforçasse o outro e assim o peso da estrutura ficasse distribuído.
Os contributos de Brunelleschi vão além da grandiosa cúpula, pois ele se tornou no primeiro grande arquiteto da época moderna e introduziu ao Renascimento a perspectiva linear.
Brunelleschi usou processos geométricos e matemáticos de projeção do espaço como a perspectiva matemática, e a ele se deve outras descobertas científicas que usou a favor da arte, ajudando assim a elevar as Belas-Artes.
Leone Battista Alberti
Leone Battista Alberti (1404, Génova, Itália-1472, Roma, Itália) escreveu os primeiros tratados de pintura e escultura do Renascimento, e começou um sobre a arquitetura.
Alberti foi um homem muito culto, humanista e de sociedade, e depois da morte de Brunelleschi começou a exercer a atividade tornando-se também ele um dos grandes arquitetos do Renascimento.
Acreditando que o círculo era a forma mais perfeita, logo, a mais próxima do divino, Alberti prefere as plantas centradas para as igrejas, inspirando-se sobretudo no Panteão de Roma.
Renascimento Pleno: a fase final do Renascimento
A fase final do Renascimento Italiano é conhecida como Renascimento Pleno e é o expoente do que até então fora sendo cultivado. Nesta fase desenvolve-se o culto ao gênio, algo que acaba empurrando alguns artistas para tentarem alcançar o impossível, como a busca da perfeição absoluta.
Nesta fase o foco dos artistas está mais na efetividade das obras, na forma como estas mexiam com as emoções dos espectadores, do que com o rigor racional ou os precedentes clássicos. Assim que algumas obras dos grandes mestres do Renascimento Pleno foram criadas, foram logo consideradas clássicas, únicas, incomparáveis e inimitáveis.
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