O que foi o Renascimento: resumo do movimento renascentista
O Renascimento vigorou entre o século XIV e o século XVII tendo despontado na Itália num período de transição que compreendeu o final da Idade Média e o princípio da Idade Moderna. Posteriormente o movimento artístico e cultural se espalhou para outros pontos da Europa.
Grandes artistas dessa geração se destacaram como Rafael, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Giotto nas artes plásticas. Na literatura tivemos gênios como Camões, Dante, Cervantes e Shakespeare.
O movimento cultural e artístico vigorou durante o período de adaptação entre o feudalismo e o capitalismo e rompeu com uma série de estruturas medievais. Foi uma fase da história marcada por intensas transformações sociais, políticas, financeiras e culturais.
Resumo: características principais do Renascimento
Algumas das características norteadoras desse período foram:
- O antropocentrismo (em oposição ao teocentrismo de outrora). O homem passou a se ver como o centro do universo, o protagonista da sua própria história. Pela primeira vez em muito tempo a vontade do homem passou a ter um peso fundamental. A sociedade começou a viver a era do humanismo (valorização do ser humano).
- Se o homem ganhou assim um papel tão central, é natural que tenha florescido uma cultura do hedonismo. O prazer do homem na vida terrena se tornou uma prioridade máxima (em oposição a ideia de pecado que existia durante a época das trevas). O homem renascentista começou a crer que deveria aproveitar a vida. Esse período foi, portanto, marcado por um forte individualismo.
- Em termos científicos, o Renascimento também foi berço do racionalismo. Durante essa fase da humanidade a razão humana passou a ser o centro norteador da sociedade. O desenvolvimento do conhecimento se deu em várias áreas como a astronomia, a matemática, a botânica, a zoologia e a medicina entre outras áreas do conhecimento. Especialmente o desenvolvimento dos conhecimentos de astronomia e matemática durante o Renascimento possibilitaram a nova empreitada da conquista do mar.
- Durante o Renascimento a ciência ganhou protagonismo (gesto que ficou conhecido como cientificismo) em oposição ao período medieval onde a verdade era alcançada por meio da religião. Essa geração passou a dar muito valor a experimentação. Na ciência enormes avanços foram feitos por pesquisadores como Nicolau Copérnico, Giordano Bruno, Isaac Newton, Johanes Kepler e Galileu Galilei.
- Um desenvolvimento comercial impressionante. Um dos elementos centrais que deu força ao Renascimento foi o fato do comércio ter se intensificado com a descoberta de terras distantes (especialmente o comércio com as Índias). Cristóvão Colombo desembarcou na América em 1492, Vasco da Gama contornou a África a caminho das Índias em 1498 e Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em 1500.
- A divulgação das obras passou a ser mais democrático graças ao advento da imprensa, em 1445, que ajudou a divulgação de livros e de informações das antigas civilizações (especialmente gregas e romanas).
- Em termos políticos o Renascimento foi também um divisor de águas. Enquanto durante o período medieval havia uma política descentralizada, essa nova fase da história ficou marcada por uma centralização absoluta (o absolutismo monárquico). Grandes filósofos escreveram clássicos da política como é o caso do O príncipe (1513), de Maquiavel.
- A estética do Renascimento foi bem distinta daquela que se estavamos habituados a ver durante a Idade Média. Em termos artísticos, esse período histórico foi profundamente marcado pela valorização da cultura da antiguidade clássica, de valores greco-romanos.
5 grandes obras para conhecer melhor o Renascimento
Muitas criações poderiam ser elencadas como grandes obras do Renascimento. Artistas desse período entraram para o cânone ocidental com trabalhos importantíssimos como:
1. Homem vitruviano, de Leonardo da Vinci
O desenho Homem vitruviano foi um estudo de anatomia realizado por Leonardo da Vinci (1452-1519) no seu diário para compreender as proporções do corpo humano. O seu projeto estava em sintonia com o espírito humanista da época renascentista, que colocou o homem pela primeira vez no centro do universo.
Através da obra de Da Vinci, que nos apresenta dois homens sobrepostos em posturas distintas, percebemos também o desejo de conhecer mais sobre a natureza humana, explorar a razão por trás das nossas formas físicas. Num período marcado pela experimentação, Homem vitruviano ilustra bem o impulso da época pela pesquisa e pelo conhecimento.
O desenho também reproduz a beleza de acordo com o modelo clássico, que era profundamente apreciado pelos renascentistas.
A ambição de Da Vinci era conhecer mais as proporções do corpo humano numa tentativa de entender melhor o funcionamento da arquitetura (segundo o criador, uma edificação perfeita deveria seguir a proporção e a simetria do corpo humano).
Para o artista, como o homem era a maior criação de Deus, ele deveria ser também o modelo do mundo. Na época em que fez o desenho, Da Vinci estava trabalhando numa série de construções de edifícios no seu país de origem.
Quer saber mais sobre uma das obras clássicas de Leonardo da Vinci? Então conheça o artigo Homem vitruviano.
2. Escultura Davi, de Michelangelo
Não por acaso Michelangelo (1475-1664) escolheu para protagonizar a sua bela escultura um corpo humano perfeito. O personagem eleito, Davi, faz referência à história bíblica de Davi e Golias.
Durante o Renascimento vimos a ascensão do antropocentrismo, que se tornou um valor central da cultura colocando o homem no centro do universo. O homem, de fato, passa a receber enorme protagonismo, repare por exemplo como a estátua tem dimensões impressionantes. Davi é uma peça feita em mármore maciço com mais de 5 metros de altura.
Há na escultura um culto ao físico numa tentativa de registrar o corpo humano em cada detalhe, louvando a beleza da espécie. A obra pode ser lida também como uma representação do hedonismo, outra característica da época, que dizia respeito ao prazer terreno e ligado ao corpo.
Davi, um dos ícores do Renascimento, é uma estátua feita com fortes referências à cultura clássica, uma constante em criadores renascentistas que procuravam beber em fontes romanas e gregas para comporem as suas obras. Observe como a estátua apresenta um corpo musculoso e nu, tipicamente clássico, para louvar a obra-prima criada por Deus.
A obra se encontra na Galleria dell'Accademia, em Florença, um dos centros de referência do Renascimento. Leia mais sobre a criação no artigo Davi.
3. Quadro O nascimento de Vênus, do italiano Sandro Botticelli
A tela O nascimento da Vênus, um ícone do Renascimento, é um exemplo importante da retomada dos valores da cultura clássica greco-romana.
O pintor italiano Sandro Botticelli (1445-1510) pintava habitualmente cenas bíblicas e, depois de uma visita à Roma, começou a utilizar nos seus quadros passagens da mitologia grega. Nessa tela específica vemos, por exemplo, um personagem importante da Grécia: Zephyrus, o deus do vento.
A imagem também nos mostra elementos da cultura pagã, outra tendência renascentista que provocou uma verdadeira revolução artística.
A peça foi encomendada por Lorenzo, um banqueiro e político que foi mecenas de Botticelli. Durante o Renascimento a pratica do mecenato era bastante frequente, o que proporcionou um verdadeiro desenvolvimento no mundo das artes.
Outros elementos que saltam aos olhos é a valorização da natureza e o emprego da perspectiva/profundidade, também características recorrentes do período em que a tela foi pintada.
Conheça o artigo completo do quadro O nascimento de Vênus.
4. Cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, de Brunelleschi
Na arquitetura um dos maiores nomes do Renascimento foi o do italiano Filippo Brunelleschi (1377-1446), um ourives que se tornou responsável pelo projeto da cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença.
A Igreja é o primeiro símbolo da arquitetura renascentista e mostra a magnitude da Itália, que vivia um período de plenitude econômica especialmente devido ao comércio de lã e seda.
A construção de Brunelleschi é um exemplo do poderio italiano durante o Renascimento e nos mostra a capacidade técnica que havia sido desenvolvida graças aos avanços matemáticos.
O Renascimento foi uma fase marcada pelo cientificismo, pelo racionalismo e a obra de Brunelleschi é icônica nesse sentido. O artista fez cálculos precisos de modo que a obra, enorme, não precisasse de andaimes - a sua ideia inovadora foi construir uma cúpula dentro da outra, ambas conectadas por uma escada.
Convém sublinhar que a obra da cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, que começou em 1420 e terminou em 1436, era muito importante pois se tratava da principal igreja de um dos maiores centros urbanos da Itália.
5. Quadro Casamento da Virgem, de Rafael
Rafael Sanzio (1483-1520) foi um dos maiores nomes do Renascimento e pintou a tela Casamento da Virgem, em 1504, por encomenda da importante família Albizzini. A obra é um exemplo da prática do mecenato e serviu para ilustrar a igreja de São Francisco em Cittá di Castello.
O arquiteto e pintor foi mestre na escola de Florença, uma das mais importantes do período renascentista. Ao lado de Leonardo da Vinci e Michelangelo, Rafael formou a famosa tríade de mestres renascentistas.
Casamento da Virgem foi a sua primeira obra famosa. Rafael pintava sobretudo cenas religiosas, tradicionais, a partir dos ideais clássicos de beleza, com muita harmonia, e usando técnicas renascentistas como o chiaroscuro e o sfumato.
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As três fases do Renascimento
O Renascimento costuma ser dividido pelos estudiosos em três grandes fases, são elas: Trecento, Quattrocento e o Cinquecento.
Trecento (século XIV)
O Trecento foi o início do Renascimento, um período especialmente importante para a literatura que contou com o trabalho de grandes nomes como Dante, Petrarca e Boccaccio.
Quattrocento (século XV)
O Quattrocento, por sua vez, foi a fase intermediária do ciclo - um período fundamental para as artes plásticas pela produção de Botticellli e Da Vinci.
Cinquecento (século XVI)
Já o Cinquecento teve contornos bastante particulares especialmente por ter tido uma maior influência religiosa. Roma se tornou um importante centro emanador de tendências para o resto da Europa. Na pintura vimos os trabalhos de grandes nomes como Rafael e Michelangelo e na literatura despontou Nicolau Maquiavel.
A origem do Renascimento
O Renascimento aconteceu entre o século XIV e meados do século XVII (aproximadamente entre 1300 e 1600).
É importante sublinhar que não existe propriamente nenhuma data pontual que tenha marcado o início ou o final do Renascimento.
O Renascimento começou na Itália (nos grandes centros urbanos de Florença, Toscana e Siena), mas depois irradiou por outras partes da Europa (especialmente pela Espanha, Inglaterra, Portugal, Alemanha e Holanda).
O Renascimento teve início na Itália porque o país já era um importante centro de referência comercial, com cidades muito desenvolvidas. Havia em território italiano uma burguesia abastada consolidada e uma classe artística que vivia e se desenvolvia graças ao mecenato.
A importância do mecenato
Graças ao mecenato, os artistas puderam produzir obras de intensa qualidade. Uma elite abastada passou a patrocinar o trabalho desses criadores, garantindo assim o sustento da classe artística para que pudessem se dedicar à produção única e exclusivamente.
A prática do mecenato durante o renascimento foi essencial para incentivar a produção artística que passou a beber muito na estética grega e romana valorizando os ideais classicistas e humanistas.
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