Uma obra-prima cinematográfica está fazendo 10 anos e é um dos melhores filmes sobre música (Netflix)

A busca pela perfeição e sua conexão com a obsessão têm sido temas recorrentes no cinema, abordados com intensidade em filmes como Os Sapatinhos Vermelhos (1948), O Show Deve Continuar (1979) e Cisne Negro (2011). Essas obras capturam de maneira poderosa os desafios e os custos desse percurso.

Entre elas, Whiplash - Em Busca da Perfeição (2014) se destaca como uma das representações mais marcantes do tema. Agora, ao completar dez anos, o filme continua a deixar sua marca no cenário cinematográfico.

Sob a direção de Damien Chazelle, o filme, que está disponível no catálogo da Netflix Brasil, foi aclamado pela crítica e rapidamente se tornou um dos favoritos da temporada de premiações daquele ano. Sua narrativa mergulha profundamente na obsessão do artista, apresentando uma intensidade notável, especialmente ao capturar a eletrizante atmosfera do jazz — comparável apenas à intensidade presente nas obras literárias de Jack Kerouac.

Ao abordar a obsessão pela perfeição de forma vívida e impactante, Whiplash oferece uma perspectiva singular sobre os desafios e as consequências dessa jornada incansável, consolidando-se como um marco do cinema contemporâneo.

Do que se trata Whiplash - Em Busca da Perfeição?

Em Whiplash, somos transportados para a vida de Andrew (interpretado por Miles Teller), um talentoso baterista que estuda em uma prestigiada escola de música. Inspirado pelo lendário Buddy Rich, ele nutre o sonho de se tornar um renomado músico de jazz.

Na escola, ele desperta a atenção de Terence Fletcher (interpretado por J.K. Simmons), o exigente mentor que comanda uma das bandas mais prestigiadas do instituto. No entanto, as rigorosas exigências e os métodos extremos de Fletcher levam Andrew a enfrentar intensos desafios psicológicos, afetando profundamente sua vida pessoal e levando seu corpo ao limite.

Um mergulho intenso nos bastidores de Whiplash

Whiplash não foi apenas um filme intenso pela sua trama envolvente, mas também pelos seus bastidores.

O roteirista e diretor da produção, Damien Chazelle, concebeu o projeto sem os recursos necessários para realizá-lo. Determinado, ele deu início a seus planos produzindo um curta-metragem, que estreou no renomado Festival de Sundance e conquistou o Grande Prêmio do Júri. Esse triunfo abriu portas para que Chazelle obtivesse o orçamento necessário para realizar o longa-metragem, que foi filmado em impressionantes 20 dias de intensa dedicação.

Quando Miles Teller foi escalado como protagonista do filme, ele ainda era um rosto pouco conhecido, embora já tocasse bateria desde a adolescência. Por sua vez, J.K. Simmons, embora tivesse experiência com piano em sua vida, teve aulas para se preparar para o papel do exigente professor e ex-músico de jazz.

Para intensificar a exaustão do personagem de Teller, o diretor adotou uma abordagem meticulosa, evitando dizer “corta” entre as tomadas e fazendo com que o ator tocasse por longos períodos sem interrupção.

Uma das cenas mais marcantes do filme é quando Andrew explode em fúria contra o professor Fletcher, após a intensa pressão que vinha enfrentando. Nessa cena, Teller acabou por acidente quebrando de fato uma costela de J.K. Simmons, que continuou a atuar apesar da lesão grave.

Em uma entrevista, Teller compartilhou: “Não me orgulho disso, mas depois que alguém fica te dando tapas e gritando contigo por três semanas seguidas, é bom finalmente poder... como o personagem, quero dizer! Sempre apreciei essa cena porque é quando ele finalmente explode.".

Whiplash - Em Busca da Perfeição: Um Clássico na Netflix

Whiplash se tornou um fenômeno aclamado pela crítica, firmando-se como um dos filmes mais celebrados da temporada de premiações de 2014. A atuação magistral de J.K. Simmons lhe rendeu mais de 40 prêmios, incluindo o cobiçado Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2015.

O talento visionário de Damien Chazelle, diretor do filme, o impulsionou ao estrelato no universo dos filmes musicais. Dois anos após Whiplash, Chazelle dirigiu o igualmente aclamado La La Land - Cantando Estações, pelo qual conquistou o Oscar de Melhor Direção em 2017.

Disponível na Netflix, Whiplash atraiu uma legião de fãs na plataforma, consolidando-se como um dos filmes mais bem avaliados e agora acessível a um público ainda maior, proporcionando uma experiência cinematográfica única e envolvente.